“E eis que eu estou convosco todos os dias, até a consumação dos séculos” (Mateus 28:20)
O foco desta passagem está na certeza da presença constante de Jesus, no conforto em meio às provações e na conexão com a Grande Comissão. A declaração é vista como uma afirmação da natureza divina de Jesus, pois somente um Deus eterno pode prometer estar com seus seguidores para sempre. É presença pessoal e relacional enfatizando que esta não é uma presença distante, mas sim pessoal, constante em todos os aspectos da vida, e que Sua presença fortalece os relacionamentos com os outros. A promessa encoraja os crentes a viverem em constante consciência da presença de Cristo, o que alimenta a coragem, a esperança e a capacidade de testemunhar aos outros.
Este é, sem dúvida, um dos versículos mais consoladores de toda a Bíblia. Ele fecha o Evangelho de Mateus com uma nota de absoluta certeza, um selo divino sobre tudo o que Jesus ensinou e realizou. Depois de ressuscitar dos mortos, de vencer a morte e de receber “toda a autoridade no céu e na terra” (v.18), o Senhor não deixa os seus discípulos órfãos diante da imensa tarefa que acabara de lhes confiar – a Grande Comissão. Ele lhes dá, antes de tudo, a Si mesmo. A missão não começa com um mandato isolado, mas com uma presença: “Eu estou convosco”.
A expressão é forte e intencional. Não é “estarei de vez em quando”, “visitarei quando precisarem” ou “enviarei ajuda de longe”. É “estou convosco” – no presente contínuo – “todos os dias”. Não há um único dia, desde a ascensão até o retorno glorioso de Cristo, em que o cristão esteja desacompanhado..
Essa presença é a resposta de Jesus ao medo mais profundo do coração humano: o abandono. Os discípulos tinham acabado de passar pelos dias mais traumáticos de suas vidas – traição, negação, crucificação, sepultamento. Eles viram o Senhor morrer. Agora, ouvem que Ele vive e que nunca mais os deixará. A promessa não elimina as tempestades, mas garante que o Capitão nunca sai do barco. Como disse Charles Spurgeon: “Se Cristo está conosco, não precisamos temer a solidão do deserto nem a escuridão da noite; o Bom Pastor caminha ao nos
Vivemos num mundo que parece especializado em nos fazer sentir sozinhos. Doenças, luto, traições, crises financeiras, perseguições – tudo conspira para sussurrar: “Deus te esqueceu”. Mas o “eu estou convosco todos os dias” é o antídoto divino contra esse veneno.
Quando Paulo e Silas estavam presos em Filipos, algemados, com as costas sangrando, à meia-noite cantavam hinos (At 16). Por quê? Porque sabiam que o Senhor Ressuscitado estava ali na cela com eles. Quando os mártires da antiguidade enfrentavam as feras no Coliseu, muitos testemunhos relatam que erguiam os olhos e sorriam – viam Aquele que havia prometido nunca os abandonar.
A presença de Cristo não é apenas um conceito teológico; é uma experiência vivida. É o ombro que sentimos quando choramos sem que ninguém nos veja. É a paz que excede todo entendimento quando o médico dá o diagnóstico mais temido. É a força que brota quando já não nos resta nenhuma. Como escreveu Watchman Nee: “A presença de Cristo transforma o vale da sombra da morte em um corredor de luz”.
É profundamente significativo que esta promessa venha logo após o imperativo missionário: “Ide, fazei discípulos de todas as nações… ensinando-os a guardar todas as coisas que eu vos tenho ordenado”. Sem a promessa do versículo 20, o versículo 19 seria esmagador. Quem somos nós para levar o evangelho aos confins da terra? Somos frágeis, falhos, temerosos. Mas o mandato vem acompanhado da capacitação: “Eu – aquele que tem toda autoridade – estou convosco”.
A história da igreja é a história desta presença em ação. Quando William Carey enfrentou oposição para ir à Índia, respondeu: “Esperem! Eu tentarei; se Deus estiver comigo, quem poderá me deter?”. Quando Hudson Taylor atravessava o oceano para a China interior, sem apoio denominacional, carregava no bolso apenas a promessa de Mateus 28:20. Quando Dietrich Bonhoeffer enfrentava a Gestapo, escreveu da prisão: “Estou convencido de que nada pode nos separar do amor de Deus – nem mesmo as celas da prisão”. Todos eles experimentaram que a presença prometida é poder presente.
Somente Deus pode prometer estar com o Seu povo “todos os dias, até o fim dos séculos”. No Antigo Testamento, era o próprio Yahweh quem dizia a Jacó: “Eis que eu sou contigo… não te deixarei” (Gn 28:15); a Josué: “Como fui com Moisés, assim serei contigo” (Js 1:5); a Israel: “Não temas, porque eu sou contigo” (Is 41:10). Agora, Jesus apropria-se das mesmas palavras. Ele não está apenas transmitindo a presença de Deus; Ele é a presença de Deus.
O “Eu Sou” do Êxodo é o mesmo “Eu estou” do Evangelho de Mateus. Por isso os primeiros cristãos, quase todos judeus monoteístas, não hesitaram em adorar Jesus como Senhor. A promessa de Mateus 28:20 é, portanto, uma das mais claras afirmações da divindade de Cristo em todo o Novo Testamento.
Muitos imaginam a presença de Cristo como uma espécie de “vigilância celestial” distante. Mas o texto fala de um “com-vosco” – literalmente “junto a vós”). É proximidade. É relacionamento.
Jesus não está apenas “online” 24 horas por dia; Ele caminha ao nosso lado na estrada de Emaús da vida cotidiana (Lc 24). Ele senta-se conosco na mesa da ceia, entra em nossas casas, conhece nossas lágrimas e alegrias. A presença d’Ele não é apenas funcional (para nos ajudar na missão); é relacional (para nos amar e ser amado).
E essa presença muda tudo. Quando vivemos conscientes de que o Rei do Universo está ao nosso lado, a timidez dá lugar à ousadia, o desânimo à esperança, o egoísmo ao amor. Como disse o irmão André: “Eu não tenho coragem para ser mártir, mas quando olho para Jesus ao meu lado, vejo que Ele já foi mártir por mim – então posso dar o próximo passo”.
A promessa não tem data de validade. Ela vale para os onze no monte da Galileia, para a igreja perseguida do século I, para os reformadores na fogueira, para os missionários esquecidos na Amazônia ou no deserto do Saara, e valerá para o último crente que estiver vivo quando a trombeta soar.
“Todos os dias” inclui hoje. Inclui este exato momento em que você lê estas palavras. Inclui o dia em que seu coração estiver mais pesado. Inclui o dia da sua maior vitória e o dia da sua mais profunda dor. Inclui o dia em que você não conseguir orar, e o Espírito intercede por você com gemidos inexprimíveis.
E quando o último dia chegar – o dia da “consumação dos séculos” – a promessa não será revogada; será glorificada. Porque então O veremos face a face, e a presença que hoje experimentamos pela fé será trocada pela presença visível, plena, eterna. A promessa de Mateus 28:20 é o prólogo do céu.
Portanto, cristão, erga a cabeça. Você nunca está só. Jesus Ressuscitado caminha com você. Ele conhece o seu nome, a sua dor, o seu medo, o seu chamado. Ele não apenas prometeu estar presente – Ele é fiel para cumprir.
E se alguém perguntar como é possível enfrentar um mundo tão hostil com alegria e coragem, responda com as palavras do próprio Senhor:
“Porque Ele mesmo disse: ‘Eis que eu estou convosco todos os dias’”.
E isso é suficiente.
Para hoje.
Para amanhã.
Para sempre.
Glória ao Pai, ao Filho e ao Senhor Espírito Santo. Amém!

