Será que o inferno não existe?

 Esse é o pensamento de muitas pessoas. Elas dizem que deus é amor e não enviaria ninguém para o inferno. Contudo, esquecem-se de que Deus é justo, e esse mundo, por causa da queda de Adão, é tremendamente injusto e não seria correto que os opressores, malfeitores, os corruptos, e os ímpios ficassem impunes. Por causa das investidas de satanás, usando os perversos, muitas e muitas pessoas já vivem um verdadeiro inferno aqui na terra. Além das injustiças, sofrem com enfermidades, com guerras (lembrar o holocausto), com necessidades e mazelas as mais diversas, causadas pela queda de Adão e consequente atuação de satanás.

Além do mais, Deus não manda ninguém para o inferno, isso ocorre por uma escolha pessoal, fruto do livre arbítrio. Algumas pessoas escolhem entregar seu futuro eterno ao controle de satanás negando o sacrifício amoroso do filho de Deus: Jesus. Portanto o Céu ou o inferno é uma opção pessoal, como vamos ver a seguir, através das Escrituras Sagradas.

A Bíblia afirma categoricamente que “Deus é amor” (1 João 4:8). Este amor é demonstrado de maneira suprema no sacrifício de Jesus Cristo, que veio ao mundo para salvar os pecadores (João 3:16; Romanos 5:8). No entanto, o amor de Deus não anula sua justiça. Em Êxodo 34:6-7, Deus se revela a Moisés como “misericordioso e piedoso, tardio em irar-se, e grande em beneficência e verdade”, mas também como aquele que “de modo nenhum terá por inocente o culpado”. Esse aspecto é essencial para compreender a doutrina do inferno.

A justiça de Deus exige que o pecado seja punido, pois Ele é santo e não pode conviver com o mal: “Tu não és um Deus que tenha prazer na injustiça; contigo o mal não pode habitar.Os arrogantes não são aceitos na tua presença; odeias todos os que praticam o mal.” Salmos 5:4-5

O conceito de inferno aparece em várias passagens bíblicas, descrito com termos como “sheol” (no Antigo Testamento, frequentemente traduzido como “sepultura” ou “mundo dos mortos”) e “hades”, “gehenna” e “lago de fogo” no Novo Testamento. Jesus, em particular, fala frequentemente sobre o inferno, alertando sobre o “fogo que não se apaga” (Marcos 9:43-48) e o “lugar de tormento” (Lucas 16:28, na parábola do rico e Lázaro). Em Mateus 25:41, Ele descreve o julgamento final, onde os ímpios serão enviados ao “fogo eterno, preparado para o diabo e seus anjos”.

O inferno, portanto, é apresentado como o destino daqueles que rejeitam a Jesus e praticam a obra de satanás e persistem no pecado. Apocalipse 20:14-15 descreve o “lago de fogo” como a “segunda morte”, onde são lançados aqueles cujos nomes não estão no livro da vida. Essas imagens, embora simbólicas em alguns aspectos, apontam para uma realidade espiritual terrível: a separação definitiva de Deus, que é a fonte de toda vida e bondade.

A Bíblia reconhece o papel de Satanás como um agente ativo no sofrimento humano. Em João 10:10, Jesus descreve o diabo como aquele que vem para “roubar, matar e destruir”, enquanto Jesus oferece vida abundante. Eventos como o Holocausto, mencionado no parágrafo inicial, são exemplos extremos da crueldade humana e da influência do mal. Essas tragédias levantam a questão: seria justo que os responsáveis por tais atrocidades ficassem impunes?

A justiça de Deus é um tema recorrente na Bíblia. Salmos 89:14 declara que “justiça e juízo são a base do teu trono”. Para que a justiça divina seja plenamente realizada, deve haver um julgamento final que recompense os justos e puna os ímpios. O inferno, nesse sentido, não é uma expressão de crueldade divina, mas uma consequência lógica da persistência no pecado e da rejeição deliberada da graça de Deus.

Aqueles que aceitam o sacrifício de Cristo têm seus pecados perdoados e recebem a vida eterna (João 5:24). No entanto, aqueles que rejeitam essa oferta enfrentam as consequências de sua escolha, que é a separação eterna de Deus. Portanto, é a pessoa que opta a quem seguir, Deus ou o diabo. Assim, quem escolhe seguir Satanás está se tornando um como ele, está endossando as maldades dele para com as pessoas criadas por Deus. Será que uma pessoa assim poderia viver no céu ao lado dos filhos de Deus, seguidores de Cristo?

O argumento de que “Deus é amor” e, portanto, não enviaria ninguém ao inferno” ignora a liberdade humana, ou seja, como já  dusse, o livre arbítrio. Deus não força ninguém a amá-lo ou a obedecê-lo. C.S. Lewis, em sua obra O Grande Abismo, sugere que o inferno é, em última análise, a escolha de quem prefere viver separado de Deus. As “portas do inferno”, segundo Lewis, estão trancadas por dentro, indicando que a punição é uma consequência da rejeição voluntária da graça divina.

Embora o sofrimento terreno seja real, a Bíblia distingue o “inferno na Terra” do inferno eterno. O sofrimento humano, por mais terrível que seja, é temporário, enquanto o inferno bíblico é descrito como eterno. No entanto, a existência do sofrimento terreno reforça a necessidade de um julgamento final. Se não houvesse justiça divina, os opressores e malfeitores poderiam escapar sem consequências, o que seria incompatível com a natureza justa de Deus.

Diante da realidade do inferno e do sofrimento humano, a Bíblia oferece uma mensagem de esperança e responsabilidade. A graça de Deus, manifestada em Jesus Cristo, é a solução para o pecado e a separação de Deus. 2 Pedro 3:9 afirma que Deus “não quer que ninguém pereça, mas que todos venham ao arrependimento”. A salvação é oferecida a todos, mas exige uma resposta pessoal.

Além disso, os cristãos são chamados a combater as injustiças e aliviar o sofrimento no mundo. Mateus 25:31-46 ensina que servir aos necessitados é servir a Cristo. A igreja, como corpo de Cristo, deve ser um agente de transformação, denunciando a opressão e promovendo a justiça social, enquanto proclama a mensagem do evangelho.

Portanto, a existência do inferno, à luz da Bíblia, é uma expressão da justiça divina, que não pode ignorar o pecado ou deixar os malfeitores constantes impunes. Deus, em seu amor, oferece a salvação por meio de Cristo, mas respeita a liberdade humana de aceitá-la ou rejeitá-la. O sofrimento humano, intensificado pela queda e pelas ações de Satanás, aponta para a necessidade de um julgamento final que restaure a ordem e a justiça. Enquanto vivemos neste mundo marcado por dores e injustiças, somos chamados a confiar na graça de Deus e a trabalhar para refletir seu amor e justiça na Terra, aguardando o dia em que Ele “enxugará toda lágrima” (Apocalipse 21:4).

Amém!