A CULTURA DO REINO DE DEUS E A CULTURA DO MUNDO

1Jesus, vendo as multidões, subiu a um monte e, assentando-se, os seus discípulos aproximaram-se dele. 2E Jesus, abrindo a boca, os ensinava, dizendo: 3“Bem-aventurados os pobres em espírito pois deles é o Reino dos Céus Mat 5

Os judeus estavam vivendo momentos de muita opressão pelos romanos. Eles aguardavam ansiosamente a vinda do Messias que achavam que iria resolver não só seus problemas espirituais mas principalmente seus problemas materiais. 

Então aparece Jesus como Filho de Deus fazendo curas, sinais e maravilhas que ninguém ainda havia feito e eles acreditaram que ele seria o Messias esperado, o salvador espiritual, mas que também iria libertá-los do jugo romano.

Aliás até hoje os seres humanos sempre estão na expectativa de um salvador da pátria, um pai que virá nos trazer a felicidade. A cada eleição de um presidente ou de um novo papa se diz que esse é o cara, mas na maioria das vezes quebramos a cara.

A verdade é que sempre estamos na expectativa de alguém ou algo que venha resolver os nossos problemas sem nós termos que fazer muitos esforços  para isso. Certo dia fui visitar minha mãe e perguntei a ela se estava tudo bem e ela me disse: estou aqui sempre aguardando  alguém que nunca chega.

Diante desse contexto é que Jesus joga um balde de água fria nas pretensões dos judeus com o seu famoso sermão da Montanha, que é uma das passagens da Bíblia mais conhecida. 

Nesse sermão, Jesus emite conceitos que vão completamente ao contrário do que os judeus praticavam na sua vida diária. Jesus confronta  a cultura do mundo com a cultura do reino celestial, ou seja, ele lança a contracultura que é —segundo o dicionário Michaelis—“um conjunto de valores, normas e padrões de comportamento que se colocam em contradição frontal àqueles da sociedade dominante”.

Jesus faz isso usando, muitas vezes, paradoxos que nos parecem conceitos irreconciliáveis, que nos parecem impossíveis de serem cumpridos por nós. Eis alguns paradoxos de Jesus: 

• “Bem-aventurados os pobres de espírito, porque deles é o Reino dos céus; bem-aventurados os que choram, porque eles serão consolados; bem-aventurados os mansos, porque eles herdarão a terra; bem-aventurados os que têm fome e sede de justiça, porque eles serão fartos;” Mateus 5:3-6 ARC; 
• “Mas não sereis vós assim; antes, o maior entre vós seja como o menor; e quem governa, como quem serve.”Lucas 22:26 ARC

Paulo também disse: “…quando sou fraco é que sou forte”. 2º Co 12.10

A verdade é que nossos pensamentos, na maioria das vezes, são pífios, ou seja rasteiros e Jesus está nos alertando para isso. Geralmente, não pensamos como Deus pensa. Ele tem grandes e preciosos planos para nós. Precisamos olhar mais para o alto: “Porque os meus pensamentos não são os vossos pensamentos, nem os vossos caminhos, os meus caminhos, diz o SENHOR, porque, assim como os céus são mais altos do que a terra, assim são os meus caminhos mais altos do que os vossos caminhos, e os meus pensamentos, mais altos do que os vossos pensamentos.” Isaías 55:8-9. A lógica de Deus não é a nossa lógica. Por isso, não desanime. Ele está agindo...do modo Dele.

Tal é a dificuldade para o ser humano andar como Jesus recomenda que alguns comentaristas chegam a acreditar que Jesus está fazendo um chamado para refletirmos que devemos confiar só na graça de Deus e não nas nossas obras.

Será que o chamado de Jesus para dar a outra face, amar, perdoar, mesmo emprestar e orar pelos nossos inimigos, para nunca sentir luxúria ou odiar, não se preocupar com o futuro e nunca julgar os outros e outras cositas mais — tudo isso é impossível de se fazer perfeitamente? Será que é um chamado para confiarmos só na graça mesmo?

Na verdade, é a sabedoria de Deus, abrindo nossos olhos para a realidade da cultura do reino que é baseada na fé, na humildade, no arrependimento e amor a Deus e ao próximo, ao contrário da cultura egoísta do mundo centrada no eu. Jesus quer reorientar totalmente nossos valores, nossas prioridades.

Sabemos que é muito difícil cumprir isso integralmente por causa dos hábitos arraigados em nós de buscarmos sempre em primeiro lugar os nossos interesses, contrariando o que diz a Bíblia: “buscai em primeiro lugar O reino de Deus e a sua justiça e todas estas coisas vos serão acrescentadas.” Mt 6.33

Portanto, se queremos fazer a vontade do Senhor alcançar as bem aventuranças contidas nesse sermão, devemos clamar constantemente ajuda e orientação do Espírito de Jesus e nos esforçarmos sempre em busca da santidade, por amor a Jesus.

Que o Senhor Jesus seja sempre conosco! 

Amém!

A QUEM DEUS LIVRA DA PRAGA?

“O que habita no esconderijo do Altíssimo e descansa à sombra do Onipotente diz ao Senhor: Meu refúgio e meu baluarte, Deus meu, em quem confio.”Salmos 91:1-2 ARA

“Pois disseste: O Senhor é o meu refúgio. Fizeste do Altíssimo a tua morada. Nenhum mal te sucederá, praga nenhuma chegará à tua tenda. Porque aos seus anjos dará ordens a teu respeito, para que te guardem em todos os teus caminhos.”  Salmos 91:9-11 ARA

 ““Porque ele me ama, eu o resgatarei; eu o protegerei, pois conhece o meu nome.”Salmos 91:14 NVI

Quando lemos o salmo noventa e um como um todo, e não versículos isolados, entendemos a quem Deus dá o livramento. Vemos, nesse capítulo noventa e um, alguns pré-requisitos para o socorro do Senhor:

• “O que habita no esconderijo do Altíssimo”: habitar trás a ideia de busca constante a Deus e não só em momentos de tribulação. 
• “Pois disseste: O Senhor é o meu refúgio”: é aquele que além de confiar também confessa (disseste) sua fé em Deus.
• “Fizeste do Altíssimo a tua morada.”: praga alguma chegará à sua tenda, porque ele fez da tenda de Deus a sua morada e a ela nada pode atingir.
• “Porquanto ele me ama, Eu o resgatarei; Eu o protegerei…”: vemos nesse verso que o Senhor protege aqueles que o amam.

Portanto esses são alguns pré-requisitos, como já disse, para Deus nos socorrer. Não é porque ficamos recitando os versículos de promessa tais como “praga alguma chegará à tua tenda” ou “Caiam mil ao teu lado, e dez mil, à tua direita; tu não serás atingido”; que temos o livramento do Senhor. Esses versículos são consequência do nosso arrependimento, da nossa obediência, oração, do nosso amor, da nossa fé em Deus e mesmo projetos de Deus.

Veja que satanás tentou Jesus usando uma passagem Bíblica isolada e Jesus retrucou a ele usando também uma passagem Bíblica, mostrando que a Bíblia deve ser considerada como um todo e não em parte:

“e disse-lhe: Se tu és o Filho de Deus, lança-te daqui abaixo; porque está escrito: Aos seus anjos dará ordens a teu respeito, e tomar-te-ão nas mãos, para que nunca tropeces em alguma pedra. Disse-lhe Jesus: Também está escrito: Não tentarás o Senhor, teu Deus.” Mateus 4:6-7 ARC

Podemos observar, por exemplo, que a praga não só chegou à tenda (casa) de Jó e a destruiu completamente. Isso mesmo diante do que foi dito sobre ele, pelo próprio Senhor nosso Deus: “não há ninguém na Terra como ele, irrepreensível, íntegro, homem que teme a Deus e  evita o mal”. É claro, portanto, que havia um contexto por trás desse acontecimento com Jó.

Não é por causa das promessas das escrituras que eu vou dormir à noite com as portas abertas, não vou deixar de procurar o médico, não é por isso que eu vou avançar o sinal vermelho e nem sair com carro sem freio. A mensagem da Bíblia, repito, não consiste em versículos isolados, mas em um todo.

CONCLUSÃO:

A Bíblia está repleta de promessas, mas quase todas, senão todas, têm pré-requisitos. Eu creio na cura divina, mas não creio que Deus é obrigado a curar a todos apenas por que citam versículos isolados. Já que falamos de Jó, não adiantava orar por ele antes do tempo da restauração dele. Também, o anjo da morte no Egito se desviava da casa de judeus, mas passar o sangue nas ombreiras da porta para se protegerem era obrigação dos moradores da casa. Não foram guardados por palavras, mas por ação e fé em Deus.

Portanto confiemos em Deus e na sua palavra, mas também busquemos nos aproximar do Senhor e que façamos a nossa parte, porque Jesus já fez a dele.

Aleluia! Glória Deus!