NEM TANTO À
PROSPERIDADE, NEM TANTO À TRIBULAÇÃO
Na teologia pós-moderna
encontramos duas correntes que se destacam na interpretação das Escrituras
sagradas. Existem aqueles que acreditam que todo crente é um vencedor e deve
ser próspero; e outros que acham que é na tribulação que encontramos o
verdadeiro crescimento espiritual.
Como a pós-modernidade
é caracterizada pelo relativismo, vamos relativizar, pois pensamos que nem a
prosperidade, nem a tribulação são condições absolutas do cristão.
Com relação à
prosperidade, vemos que a Bíblia vem permeada de promessas de sucesso para os
filhos de Deus, mas é bom destacar que sempre existem condições para que isso
ocorra.
Primeiro devemos
observar que algumas pessoas não estão preparadas para a prosperidade, pelo
menos, até tornarem-se adultos espirituais. Podemos ver que alguns personagens
bíblicos se transformaram depois de se tornarem prósperos. Podemos citar Davi que,
depois de se tornar rei e ter muitas vitórias, pecou. Salomão, seu filho,
seguiu o mesmo caminho. Já o apóstolo Paulo, enquanto estava bem, era fariseu,
era autoridade, perseguia os cristão e, depois que, literalmente, foi ao chão
transformou-se em uma bênção na mão de Deus.
Segundo, Deus nos dá a
prosperidade quando sabe que vamos aplicá-la para o engrandecimento do seu
reino e, às vezes, a pessoa está pedindo, mas não pensa no reino e pode não
receber: “Quando pedem, não recebem, pois pedem por motivos errados,
para gastar em seus prazeres.Tiago 4:3”
Terceiro, a
prosperidade de uma pessoa, ou mesmo de uma nação, pode estar ligada a um
determinado projeto do Senhor, como foi a prosperidade de José no Egito que era
para abençoar o povo de Israel na grande seca: “Agora, não se aflijam nem
se recriminem por terem me vendido para cá, pois foi para salvar vidas que Deus
me enviou adiante de vocês. Gênesis 45:5”
Portanto, pode haver
outros motivos pelos quais um cristão pode ou não ser próspero. Tudo está nas
mãos de Deus que sabe todas as coisas, e sabe o que é melhor para nós e para o
seu Reino.
Quanto à tribulação,
ela também pode nos ocorrer por circunstâncias diferentes, e não só para nosso
crescimento espiritual. Já tive oportunidade de ouvir sermões exaltando as
bênçãos da tribulação na vida do crente, a ponto do pregador pedir para os
irmãos desejarem tribulação uns para os outros. Eu, é claro, disse ao irmão ao
meu lado que não desejasse tribulação para mim, bastava as que vêm sem eu
pedir.
É claro que a
tribulação pode, de fato, ser para o nosso crescimento espiritual. Nós vemos
nas Escrituras sagradas que o povo de Deus enquanto estava próspero, se
afastava de Deus, e quando passavam por tribulações, voltava-se para o Senhor.
A tribulação pode
também ser consequência de pecado: “Depois Jesus encontrou-o no templo, e
disse-lhe: Eis que já estás são; não peques mais, para que não te suceda alguma
coisa pior. João 5:14”
A tribulação pode ainda
ser simplesmente porque estamos no mundo, pois “o mundo jaz no maligno”. Pode ser
consequência da condição em que o mundo se encontra por causa do pecado de
Adão, ou seja, todos nós estamos sujeitos a determinadas leis da física, da
biologia, etc. Se faz calor, faz para todo mundo, crente ou não crente. Se chove
muito, chove para crentes e não crentes, e assim por diante.
A tribulação pode ser também parte de algo espiritual, algum propósito de
Deus, como no caso de Jó.
Podemos concluir que nem a prosperidade é
inerente a todo cristão; e também
que a tribulação não é pré-requisito para crescimento espiritual. Ambas estão
nas mãos do Senhor e dependem dos Seus propósitos.
Veja o que Rick
Warren, que perdeu um filho de forma trágica, disse, na revista Time, sobre o
crente passar por tribulação: a Bíblia nos diz "Dê graças em
todas as circunstâncias, pois esta é a vontade de Deus para vocês em Cristo
Jesus. "A chave é a palavra em " dentro ". Deus não espera que
eu seja grato por todas as circunstâncias, mas em todas as
circunstâncias. Há uma enorme diferença. A primeira atitude é
masoquismo. A segunda mostra a maturidade. Não devemos ser gratos
pelo mal ou pecado, ou o sofrimento inocente causados por essas coisas, mas,
mesmo no sofrimento e tristeza e decepção, ainda existem coisas boas que eu
posso ser grato.”
Portanto, nossa
atitude deve ser de sermos confiantes e gratos a Deus em quaisquer
circunstâncias, quer seja na prosperidade, quer seja na tribulação, como diz o
apóstolo Paulo: “Sei o que é passar
necessidade e sei o que é ter fartura. Aprendi o segredo de viver contente em
toda e qualquer situação, seja bem alimentado, seja com fome, tendo muito, ou
passando necessidade. Tudo posso naquele que me fortalece.Filipenses 4:12-13”
Amém
Pr Lúcio Barreto (pai)