A IA COMO INSTRUMENTO DE EVANGELIZAÇÃO 

Sempre que surge alguma novidade no avanço tecnológico, como agora, a inteligência artificial, existem pessoas que criticam o seu uso no meio teológico, alegando que isso tira o aspecto da inspiração divina para escrever textos ou praticar sermões cristãos.

Não é a primeira vez que isso acontece. O mesmo sucdeu quando surgiu a internet. Muitos temiam que a rede mundial de computadores fosse se tornar um meio de disseminação do mal – e, de fato, é usada assim por alguns – o mesmo com referência à televisão e, houve uma época, que até a Bíblia era criticada. Dizia-se que ela deveria ser lida só pelos altos cleros, pois o leigo, que a lesse, poderia até ficar doido. Ficando assim, o clero com o privilégio de interpretar a vontade de Deus nas escrituras. Mas não demorou muito para que igrejas começassem a transmitir cultos online, pregadores passassem a publicar suas mensagens em vídeos, e missionários encontrassem novos campos digitais onde plantar a semente do evangelho. Quantas vidas têm sido alcançadas em países onde a pregação aberta do evangelho é proibida, mas onde um site ou uma simples mensagem online consegue chegar?

Portanto, quando um pastor escreve seu sermão em um caderno, ninguém questiona se ele foi inspirado por Deus. Se ele usa um computador, também não. Se ele consulta comentários bíblicos, dicionários ou enciclopédias teológicas, isso é visto como zelo e preparo. Então, por que, ao utilizar a IA como apoio para organizar ideias, pesquisar referências bíblicas, ou mesmo revisar um texto, haveria de ser um problema?

A inteligência artificial não tem alma, não tem fé, não ora, não jejua, não se consagra. Ela não substitui o homem de Deus nem a mulher de Deus. Mas ela pode ser, assim como a caneta ou o teclado, um instrumento nas mãos de quem busca anunciar o evangelho com excelência.

A verdade é que a IA nada mais é do que mais um instrumento para ajudar na divulgação da palavra de Deus. É claro que a ciência, como um todo, pode ser usada para o bem ou para o mal. Não é a primeira vez que a Igreja enfrenta o dilema entre tradição e inovação. No século XV, quando Johannes Gutenberg inventou a imprensa, muitos temeram que colocar a Bíblia nas mãos do povo seria perigoso. Contudo, Deus, em Sua sabedoria, usou aquela tecnologia para desencadear a Reforma Protestante, democratizando o acesso à Sua Palavra. Lutero, Calvino e outros reformadores não rejeitaram a imprensa; pelo contrário, a abraçaram como um dom divino para romper barreiras.  

O mesmo ocorreu com o rádio e a televisão. Na década de 1950, pastores como Billy Graham viram nessas plataformas uma oportunidade de alcançar milhões, levando sermões a lares distantes. Na época, críticos alertavam: "Isso esfriará a fé! Onde está a unção do Espírito em uma tela?". Mas quantos corações foram tocados por programas como "Cruzada Nacional de Evangelização"? A tecnologia, quando usada com discernimento, amplifica vozes que glorificam a Deus. Contudo, satanás quer ter o privilégio de amplificar somente a voz dele através dos meios de comunicação e tenta emudecer aqueles que pretenderem proclamar a salvação de Deus. 

Portanto, a IA está sendo usada em vários campos da atividade humana, principalmente na área científica. Há um vídeo falado sobre o seu uso na medicina. Veja no Google “Inteligência artificial na saúde? Presidente da Unimed-BH fala sobre a possibilidade”. Portanto não podemos deixar que satanás também se aproveite dela e que somente a igreja fique excluída desse instrumento para a propagação da fé.

A inteligência artificial, assim como a imprensa, é uma ferramenta. Ela não substitui a unção, a oração ou a inspiração divina, mas pode potencializar nossa obediência à Grande Comissão (Mateus 28:19). Vejamos exemplos práticos do uso da tecnologia para expansão do evangelho:  

  • Há mais de 7.000 línguas no mundo, e apenas 700 têm a Bíblia completa. A IA já auxilia tradutores a acelerar esse trabalho, analisando contextos culturais e sugerindo equivalências. Isso não é substituir o humano, mas multiplicar esforços para cumprir Apocalipse 7:9: *"Uma grande multidão de todas as nações, tribos, povos e línguas".  
  •  Ferramentas de IA podem cruzar referências, analisar manuscritos antigos e identificar padrões nas Escrituras em segundos, enriquecendo a preparação de sermões. O pregador, porém, é quem discernirá, sob a orientação do Espírito, como aplicar esses insights.  
  • Alguns dizem: "Se um pastor usa IA para escrever sermões, onde está a autenticidade?". Outros citam Jeremias 23:16, alertando contra *"visões falsas"*. Concordo plenamente que a tecnologia jamais deve substituir a dependência de Deus. Porém, assim como Paulo usou estradas romanas para suas viagens missionárias e também usou a escrita, ou Davi empunhou uma funda (tecnologia militar de sua época), podemos usar a IA sem idolatrá-la.  Portanto, a chave está na intenção e na supervisão humana. Um sermão gerado por IA será frio se não passar pelo coração de um pregador que ora, jejua e se debruça sobre a Bíblia. A IA é como um microfone: amplifica o que já está lá. Se o conteúdo for superficial, ecoará superficialidade; se for cheio do Espírito, ressoará vida.  

Claro, há riscos. A IA pode ser usada para manipulação, deepfakes ou difusão de heresias. Mas isso não é diferente de outras tecnologias: uma faca cura (em cirurgias) ou fere (em assassinatos). O mesmo ocorre com todos os avanços tecnológicos como o avião, o rádio, o carro, energia nuclear, etc. Portanto, é Deus quem dá sabedoria e conhecimento:  “Pois o SENHOR é quem dá sabedoria; de sua boca procedem o conhecimento e o discernimento. Provérbios 2:6. Contudo é Satanas quem instiga pessoas para usá-la para o mal. Usam para guerras, para corromper pessoas, etc. Cabe a nós, como Igreja, defender princípios éticos e usar a IA para o bem, seguindo Filipenses 4:8: "Tudo o que é verdadeiro, nobre, justo... nisso pensai"

A IA É uma ferramenta nas mãos dos artesão. Em Êxodo 31, Deus encheu Bezalel com o Espírito Santo para criar artefatos sagrados. Note: a habilidade artística era um *dom e espiritual*. Hoje, designers usam softwares para criar logos de igrejas, editores usam ferramentas digitais para publicar bíblias, livros, e isso não os torna menos "ungidos". A IA é uma extensão dessa realidade: ferramentas modernas para um propósito eterno.  Não tenhamos medo do futuro. A IA não é uma ameaça, mas um desafio missionário. Assim como os navegadores do passado usaram bússolas para cruzar oceanos, usemos a tecnologia para navegar o mundo digital. Porém, nunca negligenciemos o essencial:  

  • Oração: Antes de digitar um prompt na IA, ajoelhemo-nos.  
  • Ferramentas digitais não substituem o aconchego dos cultos presenciais, e nem a assistência dos pastores e dos irmãos nas horas difíceis.
  • Cada sermão, postagem ou tradução deve passar pelo crivo da Palavra de Deus e da busca pela ajuda do Espírito Santo.

Cabe, portanto, a nós usá-la não para substituir a voz de Deus, mas para ecoá-la aos confins da Terra.  Que o Senhor nos guie, inove em nós e, através de nós, transforme o mundo. Amém.