…SOU O FILHO DE DEUS…
A Inegável Reivindicação da Divindade de Cristo
A pergunta de Jesus em João 10:36 ecoa através dos séculos como um desafio solene e uma revelação profunda: “Dizeis vós daquele a quem o Pai santificou e enviou ao mundo: ‘Tu blasfemas’, porque eu disse: ‘Sou o Filho de Deus’?”. Esta não é uma defesa tímida, mas uma afirmação ousada que vai ao cerne da identidade de Jesus e do conflito que definiu seu ministério terreno. Na superfície, os judeus consideravam que a questão era sobre blasfêmia. Mas no seu âmago, era sobre a própria natureza de Deus. A declaração de Jesus, e a reação furiosa que provocou, deixam claro que a fé cristã está irrevogavelmente alicerçada em uma verdade incontornável: Jesus de Nazaré é o próprio Deus encarnado.
A acusação de blasfêmia não surgiu de um mal-entendido, mas de uma compreensão perfeita, ainda que em rejeição, das reivindicações de Cristo. Os líderes religiosos judeus do primeiro século não eram ingênuos. Eles eram guardiões meticulosos da Lei e da santidade do Nome divino. Quando Jesus declarou, “Eu e o Pai somos um” (João 10:30), eles imediatamente apanharam pedras para apedrejá-Lo. Por quê? Porque em seu contexto teológico e linguístico, a palavra “um” não denotava uma mera unidade de propósito ou sentimento, como uma equipe que trabalha junta. Denotava uma unidade de essência, de ser. Aos seus ouvidos, soava como se um homem estivesse se igualando a Javé, o Deus único e indivisível de Israel. Era a afirmação máxima que um judeu piedoso poderia imaginar – e a que considerariam a mais grave blasfêmia.
Esta reivindicação de divindade não foi um evento isolado. Foi o clímax de um padrão consistente em seu ministério. Jesus perdoava pecados (Marcos 2:5-7), uma prerrogativa que somente Deus possui. Ele se autodenominava “o Filho do Homem”, um título com conotações divinas e messiânicas extraídas de Daniel 7:13-14. Ele usou o sagrado nome “EU SOU”, aplicando a si mesmo a auto-designação eterna de Deus revelada a Moisés na sarça ardente (João 8:58). Ele aceitou adoração (Mateus 14:33; João 20:28), ato que todo anjo ou ser celestial fiel recusaria, sabendo que a adoração pertence exclusivamente a Deus (Apocalipse 19:10). Em cada uma dessas ações, Jesus não estava se apresentando como um profeta elevado ou um anjo encarnado. Ele estava traçando uma linha na areia: acreditar nele era acreditar no Pai que o enviou (João 12:44-45).
É precisamente aqui que a estratégia modernista e herética falha de maneira mais evidente. É fácil para o “apóstata, o herege, o agnóstico, o ateu, as seitas e até mesmo cristãos carnais declararem que Cristo nunca afirmou ser o único Deus verdadeiro e vivo!”. Eles fazem isso através de um duplo movimento: primeiro, isolando versículos de seu contexto imediato; segundo, divorciando as Escrituras de suas raízes históricas e linguísticas. Ao espiritualizar ou distorcer o significado claro dos textos, criam um Jesus à sua própria imagem – um mestre moral, um profeta, um revolucionário social, um iluminado espiritual. No entanto, esse “Jesus” domesticado, esse Jesus fake, é uma invenção que não teria provocado a crucificação. O Jesus histórico foi executado precisamente porque suas reivindicações eram tão radicais, tão divinas, e difíceis de contestar, que não podiam ser toleradas pelo establishment religioso, a menos que fossem verdadeiras.
Para responder à acusação de blasfêmia, Jesus cita o Salmo 82:6 — “Eu disse: vocês são deuses”. Esse salmo retrata uma cena celestial em que Deus julga seres espirituais por sua injustiça. Esses “deuses” não são deuses no sentido absoluto, mas autoridades espirituais ou humanas que exerciam poder delegado (Todavia, como homens, morrereis e, como qualquer dos príncipes, haveis de sucumbir). Salmos 82:7. Alguns povos consideravam algu as autorudades como “deuses”. Jesus usa esse texto para argumentar: “Se até seres inferiores podem ser chamados de deuses por exercerem autoridade divina, quanto mais Aquele que o Pai santificou e enviou ao mundo?” A lógica é irresistível. Se a Escritura reconhece seres criados como “filhos de Deus” de forma limitada, quanto mais Cristo, o Filho eterno, o Verbo divino, pode reivindicar o título de “Filho de Deus” em essência e verdade.
Portanto, seguir a Jesus é infinitamente mais do que adotar um conjunto de éticas ou acreditar em um Deus vago. É reconhecer Sua plena divindade. É curvar-se perante o carpinteiro de Nazaré como o “meu Senhor e meu Deus”, como fez Tomé (João 20:28). É concordar com a avaliação dos judeus do primeiro século sobre o significado de suas palavras, mas invertendo o veredito: o que soou como blasfêmia para os incrédulos é a mais pura verdade para os redimidos. A encarnação não foi Deus se tornando menos, mas se revelando completamente. Em Jesus, o Deus invisível tornou-se visível; o inatingível tornou-se tangível; o eterno entrou no tempo.
Reduzir Jesus a um mero bom homem é a opção mais incoerente disponível, como C.S. Lewis famosamente argumentou. Um homem que fez as reivindicações que Jesus fez, não sendo Deus, não seria um grande mestre moral, mas um lunático ou um mentiroso maligno. A única opção que resta é a que Pedro confessou: “Tu és o Cristo, o Filho do Deus vivo” (Mateus 16:16).
A pergunta que ecoa de João 10:36 permanece atual: Quem é Jesus para você? Um mestre? Um profeta? Ou o Deus eterno feito carne? Para os religiosos, Ele era uma ameaça. Para os demônios, era terror. Para os discípulos, era Senhor e Deus (João 20:28). Para nós, que cremos, Ele é tudo. Crer que Jesus é Deus é reconhecer que a salvação é obra divina, não humana. É confessar que o Deus eterno entrou na história, tomou forma de servo e morreu em nosso lugar — para que nós, pecadores, fôssemos feitos filhos de Deus.
Concluímos, então, onde começamos: com a pergunta de Jesus. A pergunta que Ele fez aos seus acusadores é a mesma que Ele faz a cada geração, a cada coração: “O que você diz dAquele a quem o Pai santificou e enviou ao mundo?”. Nossa resposta define não apenas nossa teologia, mas nosso destino eterno. Reconhecer Jesus como o Filho de Deus é abraçar o próprio Deus que veio nos salvar. É sobre esta rocha que a Igreja é construída, e contra esta verdade as portas do inferno não prevalecerão. O próprio Senhor Jesus disse que quem cresse nEle e fosse batizado seria salvo: “Quem crer e for Batizado será salvo; quem, porém, não crer será condenado. Marcos 16:16.
Glória a Deus . Glória a Jesus e ao Denhor Espírito Santo. Amém.

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