O AMOR NÃO É TOLERÂNCIA Não julguem, para que vocês não sejam julgados. Pois da mesma forma que julgarem, vocês serão julgados; e a medida que usarem, também será usada para medir vocês. Mateus 7:1-2 


 Vamos refletir sobre o verdadeiro significado do amor. É comum ouvirmos a palavra "tolerância" sendo mencionada como sinônimo de amor. Vivemos em uma época em que em nome do amor e da felicidade deve-se aceitar quase todas as práticas morais por mais esdrúxulas que sejam. A verdade é que a tolerância e a intolerância devem ter parâmetros, caso contrário, ambas podem ser perniciosas. Devemos buscar a intolerância zero com o pecado, mas sermos tolerantes com o pecador. Ou seja, devemos odiar o pecado e amar o pecador. O amor nos impele a sermos ativos na intenção de ajudar no bem-estar do próximo, não fingirmos que não vemos suas falhas e fraquezas, e ficarmos passivos sem tomarmos alguma atitude de ajuda. Já o mundo tolera e apoia tanto o pecado quanto o pecador. Aceitam a ideologia de gênero, aceitam e incitam a sexualização de crianças, são condescendentes com as drogas, … enfim defendem que para ser feliz vale tudo, ou quase tudo. A tolerância passou a ser sinônimo de que todas as opiniões são corretas, são verdades. É o tal relativismo. Há até uma canção antiga de 1979 de John Paul Young que ainda soa verdadeira: “O amor está no ar”. O nefasto pensamento de que tudo é relativo e que levou ao pensamento de tolerância porque paira a ideia irracional de que todas as opiniões estão corretas, são verdadeiras. Enquanto a tolerância, muitas vezes, nos leva a ignorar ou relativizar a verdade, o verdadeiro amor está enraizado na verdade da palavra de Deus e nos leva a confrontar e tentar ajudar corrigir. O amor busca a verdade e não aceita a mentira e busca a ética da justiça, integridade, honestidade. 

 Os relativistas pregam a liberdade, ou libertinagem, para que cada um faça o que quiser. Só há algo que não toleram, mas são extremamente intolerantes e que para eles é como um pecado imperdoável, que é o fato de alguém discordar deles. Liberdade para tudo menos para discordar. Em nome do amor pratica-se a total tolerância e a a extremada intolerância. É como a democracia, em nome dela se pratica o ódio, a mentira e a calúnia. Em outras palavras, em nome da democracia, exerce-se a ditadura; do mesmo modo, em nome da tolerância, pratica-se a intolerância exacerbada. Em nome da liberdade total, tenta-se cercear a liberdade de pensar, de discordar. Querem um só pensamento. Pregam que o amor consiste em não discordar, afinal, tudo é relativo, ninguém é dono da verdade. Na verdade, a verdadeira democracia, a verdadeira tolerância é concordar de poder discordar. 

 Os versículos iniciais dizem que a mesma medida que usarmos para julgar será usada para nos medir. Jesus condena, proíbe o exercício de uma condenação impiedosa, hipócrita despida de misericórdia e amor. No entanto, muitos erram achando que se trata de ser tolerante com tudo.

 Na nossa vida diária devemos praticar a tolerância, ou seja suportar que somos diferentes e agimos diferentes, mas suportar é diferente de aceitar, ou seja concordar, chancelar como certas, como verdades, determinadas práticas ou condutas éticas. O amor nos leva a agir. Nós podemos e devemos nos posicionar quando algo está sendo feito que prejudique a sociedade, a comunidade religiosa ou que seja maléfica para a própria pessoa, quer seja um parente, amigo, vizinho, colega de trabalho ou mesmo um irmão da igreja. É nosso dever, como cristãos, nos posicionarmos para ajudar. Essa é a medida correta.  

Ao confundir amor com tolerância ao pecado, a igreja não está praticando o amor ao próximo, pois sabe que algum membro está indo a passos largos para o inferno e não procura adverti-lo, ajudá-lo. Alguém disse, e é verdade, “Deus é amor, mas o amor não é deus”. Devemos amar ao próximo incondicionalmente. Por isso, devemos buscar ajudá-lo também incondicionalmente, ou seja, mesmo que isso o aborreça, ou nos aborreça.

 Se vemos, portanto, alguém caminhando para um precipício, ou seja, em adultério, com mentiras, envolvido com drogas, enfim, em pecado, e, tendo oportunidade, devemos adverti-lo com amor. Nosso Deus é intolerante com o pecado: “Mas as vossas iniquidades fazem separação entre vós e o vosso Deus; e os vossos pecados encobrem o seu rosto de vós, para que vos não ouça. “Isaías 59:2. Mesmo odiando o pecado mas, por amar o pecador arrependido, se prontificou a morrer para salvá-lo. 

 A tolerância geral, indiscriminada, pode ser considerada a religião dos incrédulos em Deus e o seu deus é a crença que vale tudo para ser feliz. Luiz Felipe Pondé diz que o escritor inglês Chesterton dizia: não há problema em não acreditar em Deus; o problema é que quem deixa de acreditar em Deus começa a acreditar em qualquer outra bobagem, seja na história, na ciência ou em si mesmo, que é a coisa mais brega de todas. 

 Em vista do que vimos, concluímos que o amor é mais do que tolerância. É, na verdade, um convite para comprometer-nos, a corrigir, aorientar e buscar a verdade. Jesus disse que os enfermos, pecadores, precisam de médico e o médico, na verdade, para curar às vezes usa remédios amargos, cirurgias, etc. Jesus veio por amor, mas às vezes dava uma receita amarga para quem quisesse segui-lo. É o caso do jovem rico quando veio a Ele querendo segui-lo. A Bíblia diz que quando Jesus o viu o amou, mas na sequência deu a ele uma receita que o jovem não quis aviar, que era “…venda tudo o que você possui e dê o dinheiro aos pobres, e você terá um tesouro no céu. Depois, venha e siga-me.”  Marcos 10:21 Portanto, devemos exercitar o amor genuíno com compaixão, pedindo ao Senhor que nos ajude a curar os feridos e tenhamos sabedoria para dar-lhes uma receita para uma mudança de vida e não venham a enfermar novamente, ou seja pecar, como antes. Em nome de Jesus! Amém