A EMPATIA E O AMOR AO PRÓXIMO 


 Ouvindo, pois, três amigos de Jó todo este mal que lhe sobreviera, chegaram, cada um do seu lugar: Elifaz, o temanita, Bildade, o suíta, e Zofar, o naamatita; e combinaram ir juntamente condoer-se dele e consolá-lo. Levantando eles de longe os olhos e não o reconhecendo, ergueram a voz e choraram; e cada um, rasgando o seu manto, lançava pó ao ar sobre a cabeça. Sentaram-se com ele na terra, sete dias e sete noites; e nenhum lhe dizia palavra alguma, pois viam que a dor era muito grande. Jó 2:11-13 

 Nesta passagem vemos que os três amigos de Jó, quando souberam das tribulações que ele estava passando, reuniram-se e propuseram ir consolá-lo. Ao verem de longe não o reconheceram pelo estado lastimável em que se encontrava. Então, choraram, rasgaram os seus mantos, lançavam pó ao ar sobre a cabeça e assentaram-se no chão, sete dias e sete noites. Essa atitude deles em público é como se colocassem no lugar do amigo, despido e humilhado. (Jó 2:11-13) 

 Isso é uma atitude de empatia que é colocar-se no lugar de alguém que está sofrendo, de reconhecer seus sentimentos. É procurar se identificar com outra pessoa ou com a situação vivida por ela. É saber ouvir o que ela tem a dizer. Por isso, permaneceram em silêncio até que Jó se dispôs a falar. 

 Eles permaneceram em silêncio. Muitas vezes, as pessoas que estão sofrendo, estão tão abaladas que não querem nem comentar o que está acontecendo e só a nossa presença já demonstra que nos importamos. Portanto, é melhor ficarmos calados até nos inteirarmos do que realmente está acontecendo, para não ficarmos dizendo frases banais de consolo.

 Os amigos de Jó, após a atitude positiva inicial de procurarem se colocar no lugar de Jó, no entanto, quando começaram a falar questionam Jó sobre o que ele fez para merecer o castigo de Deus. Essa é uma atitude muito comum quando uma pessoa está em dificuldade, ou seja, acusá-la de ser a causadora do próprio mal, e mesmo, não aceitar as justificativas. Se está doente, é porque não se cuidou. Se tem problemas financeiros é porque é um gastador ou preguiçoso. Se tem problemas com os filhos é porque nunca impôs limites, e assim por diante. Esquecem-se de que existem muitas variantes que podem ter causado tal circunstância, como no caso de Jó que era inocente nesse episódio. 

 De fato, culpar o sofredor pode ser um recurso para isentar, ou justificar Deus por aquela situação, mas, por outro lado, nessa busca por culpado por tribulações, alguns mais radicais chegam a culpar até o próprio Deus pelo que está acontecendo. Foi o que fizeram os Israelitas no deserto quando saíram do Egito, depois de verem todos os milagres que o Senhor fizera para libertá-los, ousaram dizer o seguinte absurdo: “Queixaram-se em suas tendas, dizendo: “O Senhor nos odeia; por isso nos trouxe do Egito para nos entregar nas mãos dos amorreus e destruir-nos. Deuteronômio 1:27 

 Portanto, muitas podem ser as desculpas para não exercermos a empatia, o amor ao próximo. Pensemos portanto na história narrada na Bíblia, a respeito do bom samaritano que passando por uma estrada e vendo alguém caído, parou para socorrê-lo, enquanto que um sacerdote e o levita haviam passado por ali e não ajudaram aquele homem. O sacerdote e o levita poderiam justificar que tiveram medo de ser uma cilada, ou, quem sabe, poderiam dizer que estavam com pressa porque tinham compromisso em alguma igreja, onde pessoas aguardavam por eles. Enfim, desculpas não faltam para esquivar-nos de ajudar os necessitados, de exercer o amor ao próximo. É a colocação dos nossos interesses pessoais em primeiro plano é o eu sobrepondo ao nós. Dizem, em determinada pesquisa, que “EU” é a palavra mais falada no mundo. Também Jesus, com essa parábola, deixa claro que praticar o amor ao próximo é mais importante do que apenas práticas religiosas. Veja o que a Bíblia diz sobre o relacionamento com o próximo:”Romanos 12:10 “Dediquem-se uns aos outros com amor fraternal. Prefiram dar honra aos outros mais do que a si próprios” 

 Lamentavelmente, vivemos em uma época em que aumenta ainda mais a insensibilidade pelo sofrimento alheio. Algumas pessoas diante de uma catástrofe ou de um acidente de carro, em vez de ajudarem, preocupam-se mais em tirar fotos ou filmar para depois publicar e ganhar curtidas. Na verdade, muitas vezes, temos empatia somente com quem temos algum relacionamento, que pode ser um parente, amigo, vizinho, colega de trabalho…Mas ignoramos o que acontece com um desconhecido, é como se ele fosse um extraterrestre que não nos diz respeito.

 Finalmente, lembremo-nos de que o amor de Deus é incondicional, tanto assim, que no maior gesto de empatia que já se viu “deu o seu filho Jesus para que TODO aquele que nEle crê não pereça, mas tenha a vida eterna”, e o Senhor Jesus, por sua vez, também se entregou até a morte na cruz por amor a toda a humanidade. É, portanto, importante estarmos dispostos a ajudar, amar e orar pela pessoa em tribulação e, também, por nós, para que o Senhor nos dê amor, graça e sabedoria em determinadas situações. Amém