DEUS NÃO ESTÁ MORTO

Sociedade sem bússola é um artigo publicado no jornal Estado de Minas. Nele o articulista diz que na sociedade industrial existiam determinados padrões que guiavam as relações sociais e orientavam as pessoas. Já na globalização, esses padrões deixaram de existir gerando um curto-circuito que se manifesta no fracasso escolar, na onda de depressão, etc.


Sabemos que a sociedade está sem bússola, não porque a perdeu, mas porque jogou-a fora. O que iniciou esse processo foi a onda de modernidade - que na literatura se chamou modernismo – que levou o homem a julgar que ele (o homem) se bastava. A essa escola literária sucedeu a pós-modernidade, movimento iniciado no fim dos anos oitenta, e que persiste até hoje acentuando ainda mais a rebeldia, irreverência, total liberdade e negação de qualquer cânone, o seja, negação das tradições como parâmetros a servirem de orientação, de bússola. Para os adeptos desse movimento cultural o passado tem pouco valor, ou nenhum. Se o passado perdeu o valor, logo a figura do pai, da mãe, do professor, do pastor, do padre ou do chefe como modelos orientadores perderam o sentido, e é claro, nesse caso, Deus também não tem espaço.


Portanto, já que não há padrões a serem seguidos —segundo esse movimento — houve uma fragmentação da moral, cada um estabelece a sua. Com isso houve um crescente individualismo, também chamado relativismo. O relativismo é uma corrente de pensamento que questiona as verdades universais do homem, considerando a verdade como subjetiva, pessoal. Para eles não existem quaisquer valores absolutos. Só que, ao afirmarem que tudo é relativo estão, na verdade, emitindo um conceito absoluto sobre o que pensam. Esse pensamento proporcionou a desagregação da sociedade, especialmente da família.


O homem sem Deus dificilmente consegue nortear os seus atos com sabedoria. Isso pode ser visto em algumas idéias insanas preconizadas pelas iniciantes  correntes modernistas publicadas no início do movimento:

  • Nós queremos cantar o amor ao perigo...
  • ....Nós queremos exaltar o movimento agressivo...O salto mortal, a bofetada e o soco.
  • Nós queremos glorificar a guerra — única higiene do mundo (considerada um meio para “limpar" o planeta), livrando-o dos mais fracos...
  • Nós queremos glorificar o gesto "destrutor” dos anarquistas, as belas idéias que matam, e o menosprezo à mulher. (Na pós-modernidade, inverteram e passaram para o feminismo exacerbado)
  • Nós queremos demolir os museus, as bibliotecas, combater o moralismo...


Essas idéias que contestam os cânones, e, como já disse, contestam os princípios cristãos, já vinham se delineando há algum tempo. Isso pode ser visto quando Nietzsche escreveu que “Deus está morto”. Ele narra a história de um louco que acendeu uma lanterna numa clara manhã, correu para a praça do mercado e pôs-se a gritar incessantemente: "Eu procuro Deus! Eu procuro Deus! "Como muitos dos que não acreditam em Deus estivessem justamente por ali naquele instante, ele provocou muitas risadas...

"Onde está Deus?", ele gritava. "Eu devo dizer-lhes. Nós o matamos—vocês e eu. Todos somos assassinos... Deus está morto. Deus continua morto. E nós o matamos..." (Friedrich Nietzche, Gaia Ciência (1882), parte 125).


Alguns críticos concluíram que a afirmativa de que “Deus está morto” é um paradoxo, pois se Ele morreu é porque estava vivo e Ele sendo eterno não poderia jamais morrer. Portanto, o louco de Nietzsche acabou afirmando que Deus existe. Vale lembrar que Nietzsche ficou louco aos quarenta e cinco anos de idade.


Como pode ser visto, o pensamento progressista que persiste até hoje é um verdadeiro desvario, uma verdadeira insanidade. E essa falta de bússola tem trazido suas consequências funestas que se refletem hoje no comportamento humano com o egoísmo, busca do prazer a qualquer custo, expansão do uso de drogas, onda de violência e o crescente desamor que tem chegado à extrema violência dentro dos lares.


Diante de tudo isso — do caos que se estabeleceu— o homem tem tentado voltar e encontrar a bússola (Deus), uma saída. Para o articulista do jornal, o movimento pós-moderno já se manifesta – mesmo

que timidamente – numa busca de um novo tipo de moral em que se destaca o traço principal que é a solidariedade. Ou seja, o homem imagina que a caridade pode redimi-lo. Contudo, acreditamos, que isso deve ser mais uma atitude de auto-preservação da espécie, do que mesmo um espírito de amor ao próximo.


A humanidade já está há tanto tempo sem direção que nem sabe mais como encontrá-la. Coloca como sua bússola coisas que chegam às raias do ridículo, tal é a sua desorientação. Portanto sua direção, sua esperança pode ser um pé de coelho, uma ferradura, um toque na madeira, etc.


Pode-se dizer que Nietzsche e seus seguidores são a versão atual daqueles conterrâneos de Jesus que, no passado, acharam que poderiam matar Deus, esquecendo-se de que Deus é imortal. Na verdade, quem morreu foi Nietzsche e estando já morto, alguém foi e escreveu em um muro de Paris: "Deus está morto", assinado Nietzsche. Logo abaixo outra pessoa escreveu: "Nietzsche está morto", assinado Deus.


O ser humano hoje está como o filho pródigo (as almas perdidas) precisando voltar para a casa do pai. Cabe a nós, como igreja, levar a eles a direção, o único caminho que é Jesus, aquele a quem julgaram haver matado, mas que continua vivo eternamente.

 Amém