AS PALAVRAS TÊM PODER? 


A morte e a vida estão no poder da língua; o que bem a utiliza come do seu fruto  Pv. 18.21


praga nenhuma chegará à tua tenda Sl 91.10


  

Esses dois versículos devem ser considerados no sentido geral e não no sentido universal. Ou seja, a língua ou as palavras têm poder, mas não têm ‘todo’ poder. A palavra não é poder. Deus é poder. 


É claro que o que falamos tem poder de afetar as circunstâncias em volta de nós. Quando criticamos um filho constantemente dizendo que ele é incompetente que não vai conseguir, ele pode ser influenciado pelo que falamos, mas não foram as palavras em si que o levaram a fracassar. Do mesmo modo, quando elogiamos um filho ele tende a se esforçar para corresponder as nossas expectativas. Contudo, não podemos asseverar que tudo que dizemos acontece. Quantos filhos não estão nem aí para o conselho dos pais, e quantos têm sucesso, independente do que os pais dizem.


O poder da língua É limitado


O poder da língua é limitado a algumas variantes, a primeira é que acima do seu poder está o poder e os projetos de Deus. Por exemplo, não adiantava Jó ficar falando palavras positivas durante o período da sua provação, o mesmo aconteceu com Paulo que orou três vezes para Deus tirar o espinho na sua carne e Deus disse que era para que ele não se ensoberbece. Outro exemplo é o do homem cego de nascença que foi curado por Jesus. Alguém perguntou quem havia pecado ele ou seus pais e Jesus respondeu que nenhum deles e que  a cegueira dele tinha sido para a glória de Deus, ou seja, era um projeto de Deus. 


O PODER DA LÍNGUA ESTÁ SUJEITO TAMBÉM À FÉ E AÇÃO


Outra variante é que nossas palavras além de transmitir a nossa fé interior devem ser acompanhadas de atitudes coerentes com essas palavras. Se eu digo que pelo poder da língua eu sou saudável e que nenhum mal me atingirá, mas não me comporto de acordo com isso, não pratico exercícios físicos, não me alimento direito, trabalho em excesso, ou, como no caso da pandemia, não tomo os cuidados necessários; não estou agindo de acordo com aquilo que digo que acredito. Não estou exercendo a mordomia correta do templo do Espírito Santo.


O PODER DA LÍNGUA É GERAL E NÃO UNIVERSAL


Quando dizemos que uma pessoa que não estudar vai se dar mal na vida ou quem estuda irá se dar bem, é um conceito Geral ou seja algo que comumente acontece, não é o conceito universal, ou seja, que sempre acontece, pois temos exemplos de muitas pessoas que estudaram e não tiveram sucesso, e outros que não estudaram e são bem sucedidas.


CONFISSÃO POSITIVA


A maioria das pessoas que frequentam as livrarias só compram livros dessa “nova teologia”, que é o Movimento de Confissão Positiva. A Confissão Positiva ou o  Poder do Pensamento Positivo está tomando espaço no meio evangélico. Ou seja, as coisas boas ou más vão acontecer dependendo do que você disser. Isso é substituir a fé em Deus e passar a ter fé em si mesmo, no que você diz. Essa atitude é acreditar que não é Deus quem está no controle, mas é a pessoa. Ou melhor, sua língua. É a criatura no comando, não o criador


Houve uma época em que se um cristão dissesse “se Deus quiser farei isso ou aquilo”, era imediatamente repreendido pelos irmãos em Cristo com a frase “Deus sempre quer”, como se a nossa vontade sempre fosse a vontade de Deus. Hoje, predomina em alguns setores cristãos a expressão “eu determin0”, significando que aquilo que determinamos tem que obrigatoriamente acontecer. Determinar, ou decretar, é prioridade de Deus porque é Ele quem tem planos para nós. Essa atitude parece a daqueles super-heróis das histórias em quadrinhos: “Eu tenho a força”, “eu tenho o poder”, basta eu falar e já era, acontece. Se fosse assim tão fácil, não haveria tanta dor e aflição no mundo. Jesus disse “no mundo tereis aflição”.


A seguir, três passagens bíblicas que ilustram claramente que devemos estar sempre na dependência do Senhor e não na dependência de nós mesmos:


“Quem poderá falar e fazer acontecer, se o Senhor não o tiver decretado?” Lamentações 3:37 NVI (grifo meu)


O ser humano pode fazer muitos planos; contudo, quem decide é Deus, o SENHOR! Provérbios 19.2


Atendei, agora, vós que dizeis: Hoje ou amanhã, iremos para a cidade tal, e lá passaremos um ano, e negociaremos, e teremos lucros. Vós não sabeis o que sucederá amanhã. Que é a vossa vida? Sois, apenas, como neblina que aparece por instante e logo se dissipa. Em vez disso, devíeis dizer: Se o Senhor quiser, não só viveremos, como também faremos isto ou aquilo. Agora, entretanto, vos jactais das vossas arrogantes pretensões. Toda jactância semelhante a essa é maligna.  Tiago 4:13-16 (grifos meus)


No próprio Provérbio 18 inicial encontramos um versículo que indica que podemos adoecer:


“O espírito firme sustém o homem na sua doença, mas o espírito abatido, quem o pode suportar? Pv 18.14


Há diversos exemplos na Bíblia de homens de fé que ficaram doentes e alguns até morreram dessas enfermidades. Um deles foi o profeta Eliseu, que padeceu de uma enfermidade que o levou a morte: “E Eliseu estava doente da enfermidade de que morreu...” (2Rs 13:14). Outro que esteve enfermo foi Timóteo. Paulo recomendou-lhe um remédio caseiro por causa de problemas estomacais e enfermidades frequentes: “Não bebas mais água só, mas usa de um pouco de vinho, por causa do teu estômago e das tuas freqüentes enfermidades.” (1Tm 5:23). Ao final do seu ministério, Paulo registra a doença de um amigo que ele mesmo não conseguiu curar: “Erasto ficou em Corinto, e deixei Trófimo doente em Mileto.” (2Tm 4:20)


As promessas de Deus na Bíblia, de um modo geral, vêm condicionadas a pré-requisitos.

Portanto, a conclusão é, como já disse, a palavra tem poder, mas não tem todo poder.  Quem tem todo poder é Deus, portanto Ele cura quem Ele quer quando quer. 


Ai de nós se não fosse assim. Quantas vezes na vida já dissemos coisas que não devíamos. Contudo, é pela misericórdia de Deus que temos nos livrado.

Glória a Deus!