…EU SOU O CAMINHO…
Na jornada espiritual da humanidade, é comum encontrar uma pluralidade de crenças e caminhos que, à primeira vista, parecem igualmente válidos. Muitos acreditam que "todos os caminhos levam a Deus", que a religião é apenas uma questão de sentimento pessoal e que o esforço humano pode, de alguma forma, contribuir para a própria salvação. Contudo, essa visão, que muitos abraçam com boa intenção, entra em direto conflito com uma das declarações mais exclusivas e profundas de Jesus Cristo, registradas no Evangelho de João, capítulo 14. Nesse texto, Jesus não apenas se apresenta como um caminho, mas como "o" caminho, a verdade e a vida, estabelecendo uma distinção crucial que desafia as ideias populares e contraditórias sobre a natureza de Deus e da salvação.
Para compreender o peso dessa afirmação, é preciso contextualizar o momento em que ela foi proferida. Jesus estava em uma conversa íntima com seus discípulos, momentos antes de sua crucificação. O clima era de incerteza e turbulência. Os discípulos, incluindo Tomé e Filipe, estavam preocupados e confusos com a partida iminente de seu mestre. Em meio a essa inquietação, Jesus busca confortá-los e instruí-los, garantindo-lhes que a separação não seria definitiva e que eles sabiam o caminho para onde Ele estava indo: a casa do Pai.
É nesse contexto que Tomé, com sua natureza cética e prática, questiona: "Senhor, não sabemos para onde vais; como, pois, podemos saber o caminho?". A resposta de Jesus a essa pergunta é o cerne de toda a teologia cristã: “Eu sou o caminho, a verdade e a vida. Ninguém vem ao Pai, a não ser por mim” (João 14:6).
Essa frase desfaz de uma vez por todas a noção de que todos os caminhos religiosos são equivalentes. Jesus não se posiciona como um líder religioso entre muitos, um profeta a mais na história, ou um mero filósofo que oferece conselhos sábios. Ele se coloca como o único acesso a Deus, a fonte da verdade e o provedor da vida eterna. A palavra "ninguém" é enfática e deixa claro que não há alternativa, não há atalho, nem outra rota para o Pai.
A expressão "Eu sou o caminho" significa que Jesus não apenas ensina o caminho, mas Ele é a própria via. Ele é a ponte que liga o homem a Deus, uma conexão que foi rompida pelo pecado. A ideia de que o esforço pessoal e a religiosidade humana podem por si só conduzir à salvação é desmentida por essa declaração. O ser humano não tem a capacidade de construir sua própria ponte para o céu; a salvação é um dom oferecido por meio de Jesus, o único mediador.
Ao se apresentar como "a verdade", Jesus desafia o relativismo que permeia muitas visões espirituais. O mundo moderno muitas vezes sugere que a verdade é subjetiva, que cada um pode ter a "sua própria verdade". No entanto, a verdade de que Jesus fala é absoluta, objetiva e universal. Ele não se limita a revelar verdades, mas encarna a própria verdade. Conhecer Jesus é conhecer a verdade sobre Deus, sobre a humanidade e sobre o plano divino da redenção. Ele é a revelação final e completa do caráter de Deus.
Finalmente, ao declarar "a vida", Jesus se coloca como a única fonte de vida plena e eterna, em contraste com a morte espiritual causada pelo pecado. A vida que Ele oferece não é meramente a existência biológica, mas uma vida espiritual que começa no presente e se estende por toda a eternidade. Essa vida só pode ser acessada por meio dEle, e não por qualquer outro meio. A busca humana por significado e propósito encontra sua resposta final em Jesus.
A resposta de Jesus a Filipe, que pediu: “Senhor, mostra-nos o Pai, e isso nos basta” (João 14:8), reforça ainda mais sua divindade. Jesus respondeu: “Há tanto tempo estou convosco, e ainda não me conheces, Filipe? Quem me vê a mim, vê o Pai; e como dizes tu: Mostra-nos o Pai?” (João 14:9). Essa afirmação é um choque para qualquer pensamento que o veja apenas como um profeta ou homem bom. Jesus, ao dizer que vê-Lo é ver o Pai, está inequivocamente se declarando Deus. Essa é a base do cristianismo: Jesus não é um emissário, mas o próprio Deus em forma humana.
Diante da confusão e das visões contraditórias sobre a espiritualidade, o texto de João 14 oferece uma clareza inegável. Ele confronta diretamente a ideia de que a salvação pode ser conquistada pelo esforço humano ou que todas as religiões são vias válidas para o divino. A mensagem é exclusiva, mas não excludente; ela é exclusiva no sentido de que Jesus é o único mediador, mas é inclusiva porque o convite é para todos, independentemente de sua origem, cultura ou condição.
Em um mundo onde o pluralismo religioso é frequentemente visto como uma virtude, a declaração de Jesus pode parecer impopular. Contudo, para o cristão, essa exclusividade é a fonte de toda a esperança e segurança. É a garantia de que a salvação não depende do desempenho humano, mas da graça e do sacrifício de Cristo. É a certeza de que a verdade não é relativa, mas está firmemente ancorada na pessoa de Jesus. É a promessa de que a vida eterna está disponível a todos que o aceitarem como o único caminho para Deus.
Portanto, ao meditarmos sobre João 14, somos convidados a ir além das visões confusas e contraditórias da nossa cultura. Somos desafiados a confrontar a pessoa de Jesus e a sua reivindicação radical. Não se trata de uma entre muitas opções, mas da única realidade que nos conecta ao Pai. O verdadeiro caminho para a paz e a segurança espirituais não está em nossos esforços ou em uma religiosidade superficial, mas em crer e seguir Aquele que é, em si mesmo, o caminho, a verdade e a vida.
Obrigado, Jesus, por se sacricar e nos guiar pelo caminho da verdade, nos livrando do fardo pesado e conduzindo-nos para a salvação.
Obrigado, Jesus.
Amém.