NÃO ESTAMOS SÓS, ESTAMOS CONECTADOS COM O UNIVERSO


A afirmação de que "não estamos ao Deus dará" é muito mais do que um ditado popular; é uma profunda constatação excepcional. Não vagamos por este mundo como náufragos num oceano cósmico, abandonados ao acaso. Pelo contrário, nossa existência é um milagre sustentado por uma multidão de interdependências intrincadas e perfeitamente ajustadas, funcionando como elos vitais numa rede colossal de vida. Somos sobreviventes natos resultante da harmonia de inúmeros fatores. Somos únicos, nosso DNA e IMPRESSÕES DIGITAIS são individuais, mas estamos ligados ao todo, ao universo. 


Observemos inicialmente a verdadeira engrenagem que é o corpo humano. Templo do Espírito Santo. Sobrevivemos na dependência absoluta do funcionamento orquestrado de nossos órgãos. Imagine a complexidade: o coração, uma bomba incansável, depende dos pulmões para oxigenar o sangue que impulsiona; os rins, filtros divinos, dependem do sistema circulatório para receber o sangue a ser purificado; o fígado, laboratório químico vital, depende de tudo isso para processar nutrientes e toxinas. O cérebro, centro de comando, exige um fluxo constante de sangue oxigenado e glicose para manter a consciência, a razão e a emoção. A falha de um único órgão "básico" – coração, cérebro, rins, fígado – pode ser catastrófica. O Salmo 139 ecoa essa maravilha: "Tu criaste o íntimo do meu ser e me teceste no ventre de minha mãe. Eu te louvo porque me fizeste de modo especial e admirável. Tuas obras são maravilhosas! Digo isso com convicção" (Sl 139:13-14). Cada célula, cada processo bioquímico, testemunha uma engenharia de precisão que clama por um Criador.


Por outro lado, quando levantamos nosso olhar para o universo, percebemos  que a  dependência se estende ao cosmos. O Sol, nossa fornalha estelar, brilha com uma constância milagrosa. Apesar de exalar  seu imenso calor, ele chega a nós na medida exata, sustenta a vida. Um pouco mais próximo, e os oceanos ferveriam, os continentes se desertificariam. Um pouco mais distante, e a Terra se transformaria num deserto gelado. Quem controla este termômetro cósmico? O livro de Jó confronta-nos com esta realidade: "Podes tu atar as cadeias das Plêiades ou soltar os laços de Órion? Podes fazer aparecer as constelações no seu tempo certo e conduzir a Ursa com seus filhos? Conheces tu as leis dos céus ou podes estabelecer o seu domínio sobre a terra?" (Jó 38:31-33). A estabilidade solar é um dom, não um acidente. É mais intrigante ainda pensar que essa potência solar que aquece toda a terra e, ao mesmo tempo, chega na medida certa para o crescimento das plantas, mesmo de uma simples sensível flor.


As consequências de mudanças na distância lunar também seriam dramáticas para a Terra, afetando desde as marés até a estabilidade climática. Qualquer alteração significativa nessas condições tornaria a vida na Terra, como a conhecemos, praticamente impossível. 


Descemos à superfície da terra e encontramos outra dependência fundamental para a vida: a água. Dependemos da chuva "na medida certa". As plantas, base da cadeia alimentar, dependem desta água e da luz solar na mecida certa. Secas prolongadas ou enchentes devastadoras que  destroem vidas e lares, são consequências da queda de Adão no paraíso. O dilúvio é um exemplo disso. O profeta Jeremias reconhece a dependência humana desse ciclo climático estabelecido por Deus: "Entre os deuses das nações existe alguém que faça chover? São os céus que dão chuvas, não é verdade? Não és somente tu, SENHOR, nosso Deus, que assim o fazes? Por isso, em ti esperamos, pois tu fazes todas estas coisas" (Jr 14:22). O sustento diário do pão na nossa mesa é fruto de uma cadeia que começa na providência climática ordenada por Deus.


Nossa dependência não é apenas biológica ou ambiental; é profundamente relacional e social. Nossa entrada no mundo depende intrinsecamente de um pai e uma mãe. Mas vai além: dependemos deles para nossa sobrevivência física inicial (alimento, proteção), para o aprendizado fundamental (linguagem, habilidades motoras) e, crucialmente, para nossa formação moral e ética. O mandamento de honrar pai e mãe (Ex 20:12) reconhece esta dívida primordial e sua função na estrutura social. O livro de Provérbios está repleto de exortações paternas e maternas como fundamento da sabedoria (Pv 1:8, 6:20). Também, como vemos, nós o seres humanos e animais, carregamos dentro de nós a semente vida, a procriação, semelhante as plantas que já trazem sementes para multiplicar.


A dependência humana se amplia para a comunidade. Dependemos de agricultores para nosso alimento, de médicos para nossa saúde, de professores para nosso conhecimento, de construtores para nosso abrigo, de uma rede imensa de pessoas e serviços para o funcionamento da sociedade. A igreja tem um papel fundamental na nossa interdependência humana. Paulo, escrevendo aos Coríntios, usa a metáfora do corpo para falar da igreja (1 Co 12:12-27). A exemplo dos dons que é dado à igreja para edificação do seu corpo, o mesmo princípio se aplica à humanidade: somos interdependentes, cada um com seu dom, ou talento,  e função, necessitando uns dos outros. Isolar-se é definhar.

Portanto constatamos que somos amparados por  um “design inteligente”, ou seja habitamos num mundo programado, e não um mundo mundo fruto do acaso. Quem programou tudo isso? Quem comanda e coordena esta sinfonia cósmica? Como pode tamanha complexidade, precisão e interdependência surgir do caos e do acaso? Só existe uma resposta: Deus é o autor. 


Portanto, afirmar que existe um Design Inteligente não é apenas uma inferência lógica diante da complexidade irredutível e do ajuste fino do universo; é a confissão de fé coerente com a revelação bíblica. É reconhecer que o "elo" que somos só tem significado e sustento porque está ligado a toda a rede criada e sustentada pelo Artista Supremo, o nosso Deus.


Viver consciente desta realidade, deque estamos conectados ao cosmos, e de que ao aceitarmos Jesus passamos de criaturas de criaturas a  conexão de filhos de Deus, transforma nossa existência. Somos mais humildes, gratos e entendemos que existe um propósito e esperança para nossa existência.


Longe de "Deus dará", vivemos na certeza de que "Deus dá": dá vida, dá sustento, dá propósito e, supremamente, deu seu Filho para reconciliar consigo esta criação interdependente e maravilhosa, porém manchada pelo pecado, mas em recuperação pela graça. Reconhecer o Design Inteligente, Deus, é o primeiro passo para conhecer e adorar o Designer. Deus preparou todo o cenário, nos mínimos detalhes, para nos receber: “O SENHOR criou tudo o que existe com um propósito definido…Pv 16:4). 

Glória a Deus pelo cuidado, pelo zelo.

Amém!