POR QUE É TÃO DIFÍCIL CONVIVER COM O SER HUMANO?

Viver em sociedade é uma necessidade do ser humano, mas também um dos seus maiores desafios. Embora Deus tenha criado o ser humano para a comunhão, com Ele e uns com os outros, como diz Provérbios 27:17: "Assim como o ferro afia o ferro, o homem afia o seu companheiro". Entretanto,  a realidade que se vê no mundo é, muitas vezes, o oposto. A convivência humana tornou-se um campo de batalhas, onde predomina o egoísmo, a competição, a indiferença, acontecimentos como murmuração, fofoca, calúnia, sempre achar que temos razão, ficar ressentido, sem paciente… a lista não tem fim. Quantas vezes palavras descuidadas e ameaças hostis perturbam a harmonia em nossos relacionamentos uns com os outros. Em vez de recuar para "deixar a poeira baixar", insistimos em achar que estamos certos. Portanto, essa realidade está em total contradição com os ensinamentos de Jesus, que apontam para o amor ao próximo, a humildade e a solidariedade como caminhos para uma vida plena.

Jesus nos deixou um mandamento claro: “Amem-se uns aos outros como eu os amei” (João 15:12). Ele não apenas disse isso, como viveu esse amor de forma radical, entregando-se pelos outros, inclusive pelos que o rejeitaram. No entanto, o que se vê no cotidiano é que as pessoas, em geral, colocam seus próprios interesses acima de tudo. A ideia do “eu em primeiro lugar” prevalece nas relações pessoais, profissionais, políticas e até religiosas. Esse egocentrismo é uma das raízes mais profundas dos conflitos humanos, sejam eles pequenos desentendimentos familiares ou guerras entre nações. Paulo confirmou esse princípio de Jesus, quando disse: “Nada façam por ambição egoísta ou por vaidade, mas humildemente considerem os outros superiores a vocês mesmos.Cada um cuide, não somente dos seus interesses, mas também dos interesses dos outros.”Filipenses 2:4 

0 egoísmo humano é um problema antigo, consequência da queda no Paraíso.A Bíblia descreve desde os primeiros capítulos a inclinação do ser humano para o egoísmo. Caim matou Abel por inveja, colocando seus sentimentos acima da vida do irmão (Gênesis 4:8). A Torre de Babel foi um projeto de exaltação do orgulho humano, que resultou em confusão e separação (Gênesis 11:1-9). Repetidamente, o povo de Israel se afastava de Deus para seguir seus próprios caminhos, ignorando as necessidades do próximo e promovendo injustiças sociais.

No Novo Testamento, o apóstolo Paulo descreve com clareza a deterioração do caráter humano quando Deus é deixado de lado: “Nos últimos dias sobrevirão tempos difíceis. As pessoas serão egoístas, avarentas, presunçosas, arrogantes, blasfemas, desobedientes aos pais, ingratas, ímpias, sem amor pela família, irreconciliáveis, caluniadoras…” (2 Timóteo 3:1-3). Essa descrição parece um retrato fiel da sociedade atual.

No cotidiano vivemos a competição, exploração e indiferença. Vivemos em uma cultura que valoriza o sucesso individual acima do bem coletivo. A competição é incentivada desde a infância. Nas escolas, nas empresas, nas redes sociais — a mensagem é clara: “vença, custe o que custar”. Esse modelo gera uma sociedade adoecida, onde muitos se sentem sozinhos, descartáveis e desvalorizados.

Exemplos práticos estão por toda parte. No trabalho, pessoas passam por cima das outras para alcançar cargos mais altos. Isso  se reflete em salários injustos, em abuso de poder, em corrupção e em desigualdade. Guerras entre povos e nações muitas vezes nascem desse desejo de dominação, controle e posse.

  A competição grassa, também , nos relacionamentos. O individualismo impede o diálogo e o perdão. Até nas  igrejas, muitos servem, mais para serem vistos do que para de fato amar e ajudar o próximo. Nas redes sociais, a exposição de uma vida perfeita alimenta a comparação, a inveja e a frustração.

Jesus e a contracultura do amor. Ele veio nos mostrar, com seus ensinamentos e com sua vida, como deverá ser, no futuro, a convivência na vida eterna, onde prevalecerá o amor a Deus e o próximo. Diferente da competição constante e reinante aqui na terra.

Diante desse cenário sombrio aqui na terra, a mensagem de Jesus continua sendo uma luz. Quando Ele lavou os pés dos discípulos (João 13:1-17), Ele ensinou que ninguém está acima do outro. Ele, o Mestre, agiu como servo, contrariando a lógica do mundo. Esse gesto é um símbolo poderoso de como devemos nos relacionar: com humildade, empatia e disposição para servir.

Na parábola do bom samaritano (Lucas 10:25-37), Jesus mostra que o próximo não é apenas quem está próximo de nós, mas todo aquele que precisa de nossa ajuda. O samaritano, considerado um inimigo pelos judeus, é o único a agir com compaixão. Ele interrompe sua jornada, cuida do ferido e paga suas despesas em uma hospedaria. Esse é o tipo de atitude que Jesus espera de nós.

Viver os ensinamentos de Jesus em meio a um mundo egoísta não é tarefa fácil. Mas é possível. E mais do que possível, é necessário. O apóstolo Paulo nos orienta: “Se possível, no que depender de vós, tende paz com todos os homens” (Romanos 12:18). Isso exige esforço, renúncia e oração.

Nas famílias, é possível romper o ciclo de ofensas e desconfianças com o diálogo e o perdão. No trabalho, podemos ser exemplos de ética, respeito e cooperação. Nas igrejas, devemos praticar o acolhimento, o serviço e a unidade. Na sociedade, podemos levantar nossa voz contra a injustiça e promover ações de solidariedade.

Apesar das dificuldades, a Bíblia nos dá esperança. O ser humano, embora caído, pode ser transformado pela graça de Deus. O Espírito Santo age em nós para nos tornar mais semelhantes a Cristo. O fruto do Espírito — amor, alegria, paz, paciência, bondade, fidelidade, mansidão e domínio próprio (Gálatas 5:22-23) — é justamente o que torna possível uma convivência saudável.

O Reino de Deus começa a se manifestar quando vivemos esses valores. E mesmo que o mundo continue egoísta e hostil, podemos ser sal da terra e luz do mundo (Mateus 5:13-14). Cada ato de amor é uma semente plantada mesmo que o solo seja árido. E, com o tempo, essas sementes geram frutos. E, como já disse, devemos nos colocar na dependência do Senhor Espírito Santo para que o amor a Deus e ao próximo seja uma realidade constante em nós.

Em nome de Jesus. Amém!