POR QUE DEUS NÃO ME OUVE?  

1De onde vêm as batalhas e os desentendimentos que há entre vós? De onde, senão das paixões que guerreiam dentro de vós. 2Cobiçais e nada tendes. Matais e invejais, porém não conseguis obter o que desejais; viveis a brigar e a promover contendas. Todavia, nada conquistais, porque não pedis. 3E quando pedis não recebeis, porquanto pedis com a motivação errada, simplesmente para esbanjardes em vossos prazeres. 4Adúlteros! Ou não estais cientes de que a amizade com o mundo é inimizade contra Deus? Ora, quem quer ser amigo do mundo torna-se inimigo de Deus. 5Ou imaginais que é sem razão que a Escritura afirma que o Espírito que Ele fez habitar em nós zela com ciúmes dos seus? 6Todavia, Ele nos outorga graça ainda maior. Por isso, declara a Escritura: “Deus se opõe aos arrogantes, mas concede graça aos humildes”. Tiago 4.1-5

Tiago começa com uma pergunta de onde procedem as guerras e as contendas? Ele responde com outra indagação perguntando se não vêm dos prazeres, dos desejos carnais? Ele acrescenta que vivemos em meio a uma verdadeira batalha para conquistarmos nossos objetivos, enquanto que bastava pedirmos. E, quando pedimos o fazemos com a motivação errada. Ou seja, pedimos de um modo egoísta, pensando só em nossa satisfação mundana, sem pensarmos se aquilo ajuda ou prejudica nosso irmão, ou mesmo, se está de acordo com o projeto de Deus aqui na terra. Nossos projetos, mesmo dentro da igreja, às vezes, na sua maioria não priorizam o plano de Deus. Priorizam a satisfação do ego. 

São pedidos, na sua maioria, como já disse egoísta, nos colocando no centro, como se o mundo existisse por nós e para nós. Tiago chama essa nossa atitude de infidelidade, ou mesmo adultério. Nosso apego, nosso amor incontrolável pelos prazeres mundanos, nos leva à inveja, à traição ao nosso semelhante e ao próprio amor de Deus. 

Foi o que fizeram Adão e Eva. Preferiram obedecer a satanás, que representa o sistema corrompido do mundo, e duvidaram da palavra de Deus. Muitas vezes Deus atende nossos pedidos e nos abençoa, e achamos que foi nosso esforço pessoal. Nabucodonosor foi um  que se deu mal por amar o mundo e exaltar-se achando que suas conquistas foram alcançadas pelo seu grandioso poder, não por Deus. Veja o que ele disse: “falou o rei e disse: Não é esta a grande Babilônia que eu edifiquei para a casa real, com o meu grandioso poder e para glória da minha majestade”? Por causa da sua soberba ele acabou indo morar com os animais comendo capim por um período de sete anos. Até que um dia veio a razão e ele reconheceu Deus é onipotente e que foi ele que fez todas as coisas, E então Nabucodonozor recobrou a razão e voltou ao trono. Vale a pena ler a exaltação que ele faz a Deus depois que passou pela tribulação. (Daniel 4:34-37).
Por outro lado, temos o exemplo do rei Salomão que o Senhor apareceu a ele em sonho e disse: "Peça-me o que quiser, e eu lhe darei”. Imagine, há inúmeras coisas que Salomão poderia ter pedido, mas ele não pediu nada para si, pediu, sim, sabedoria para governar o povo. Ou seja, queria abençoar o povo de Deus. Então, o Senhor disse que lhe daria inúmeras bênçãos e até prolongaria a vida dele: “Por isso Deus lhe disse: Já que você pediu isso e não uma vida longa nem riqueza, nem pediu a morte dos seus inimigos, mas discernimento para ministrar a justiça, farei o que você pediu. Eu lhe darei um coração sábio e capaz de discernir, de modo que nunca houve nem haverá ninguém como você. Também lhe darei o que você não pediu: riquezas e fama, de forma que não haverá rei igual a você durante toda a sua vida. E, se você andar nos meus caminhos e obedecer aos meus decretos e aos meus mandamentos, como o seu pai Davi, eu prolongarei a sua vida.” 1 Reis 3:11-14. Fica a pergunta: Como tem sido nossas orações? Só pedimos bênçãos materiais ou pedimos bênçãos e sabedoria para fazer com eficiência e eficácia a vontade de Deus?

Quando duvidamos da provisão de Deus, da certeza de que Ele quer e nos dá o que é melhor para nós, e nos dedicamos desenfreadamente em busca da felicidade por nós mesmos, nos desgastando, negligenciando a família e nossa saúde, ferindo e passando por cima de pessoas estamos dizendo que não acreditamos realmente que Deus nos ama, quer  e faz o melhor para nós. Estamos, com isso, causando ciúmes no Espírito que em nós habita. Estamos, como disse Tiago, adulterando. 

Não podemos, com insistência, orar sobre determinado assunto achando que vamos pressionar a Deus para fazer nossa vontade. Podemos orar mais de uma vez sobre alguma situação, mas aceitando a decisão do Senhor.  Paulo orou a Deus três vezes por causa de um “espinho na carne” e a resposta de Deus foi que “a minha graça te basta”.   Ele, então, entendeu que não importam as circunstâncias, mas sim a presença de Deus em nós e conosco. ((2ºCo 12:7-9).

Não podemos agir como uma criança birrenta que quer ganhar no grito. Jesus quando estava para passar pela grande tribulação, orou a Deus que o livrasse, contudo disse  ao pai “que se faça a tua vontade”. Assim devem ser todos os nossos pedidos, mesmo que nos pareçam justíssimos, pode ser que estejamos enganados, ou mesmo sendo egoístas. Lembremos o que disse o Senhor Jesus: “Portanto, não vos inquieteis, dizendo: Que comeremos? Que beberemos? Ou: Com que nos vestiremos? Porque os gentios é que procuram todas estas coisas; pois vosso Pai celeste sabe que necessitais de todas elas; buscai, pois, em primeiro lugar, o seu reino e a sua justiça, e todas estas coisas vos serão acrescentadas. Portanto, não vos inquieteis com o dia de amanhã, pois o amanhã trará os seus cuidados; basta ao dia o seu próprio mal.”Mateus 6:31-34

Acredito que alguns pedidos que já fizemos ao Senhor e que se tivessem sido atendidos teríamos nos dado mal. Portanto, Senhor, ajude-nos para que não sejamos arrogantes, egoístas, invejosos, incrédulos e ingratos. Que tenhamos firme em nossos corações que estamos sendo amparados e protegidos pelo nosso querido e amado Pai que tem sempre o melhor para nós. 
Glória a Deus, perdoador e misericordioso, que nos ama, apesar de nossas falhas!
Amém!