O SOFRIMENTO DE PAULO


As tribulações que Paulo e também dos apóstolos são a demonstração da autenticidade do que defendiam, do que criam, do que pregavam. Ou seja, mostra que eles estavam dispostos a chancelar, a assinar com o próprio sangue, o testemunho de sua fé. Seguiram o exemplo do Senhor Jesus. Por essa disposição incondicional de darem a própria vida por aquilo em que acreditavam é que através dos tempos, até hoje, são respeitados, acreditados e os seus nomes fazem parte do Livro Sagrado, da Bíblia Sagrada.

A passagem em Atos 9:16, na qual Jesus declara que mostrará a Paulo “quanto deve sofrer pelo meu nome”, revela algo essencial e transformador sobre o que significa ser um seguidor de Cristo e o que o apóstolo Paulo simboliza para a fé cristã. Jesus, ao escolher Paulo, não prometeu glória terrena ou uma jornada fácil. Em vez disso, Ele revelou que o caminho a ser trilhado seria difícil, mas cheio de propósito e significados eternos.


Antes de ser chamado por Jesus, Paulo era conhecido como Saulo, um fariseu convicto, educado na Lei e defensor ardoroso das tradições judaicas. Sua perseguição aos cristãos era intensa, e ele acreditava estar agindo em defesa de Deus. Em sua jornada a Damasco, com a intenção de perseguir ainda mais os seguidores de Jesus, Saulo teve um encontro dramático com o próprio Cristo. Jesus o confrontou diretamente, perguntando: “Saulo, Saulo, por que me persegues?” (Atos 9:4).


Essa experiência marcou o início de sua transformação. Aquele que perseguia a igreja de Cristo se tornaria seu maior defensor e apóstolo para os gentios. No entanto, sua missão seria acompanhada de um preço alto. Jesus, ao falar com Ananias, revelou que Paulo teria que enfrentar sofrimentos significativos pelo nome de Cristo. Esse sofrimento não foi uma punição pelos pecados passados de Paulo, mas parte de seu novo chamado, uma forma de testemunho que o próprio Deus usaria para proclamar o Evangelho. O perseguidor passou a perseguido. E essa transformação é que chocava as pessoas e levava-as a refletirem sobre suas próprias convicções, se eram verdadeiras ou não.


Para muitos, pode parecer estranho que o sofrimento seja considerado parte do chamado de Deus. No entanto, a Bíblia nos mostra repetidamente que o sofrimento, quando enfrentado com fé, pode nos aproximar de Deus e nos moldar à imagem de Cristo. Jesus nunca prometeu a seus seguidores uma vida livre de dificuldades; ao contrário, Ele disse que “no mundo, vocês terão aflições; contudo, tenham ânimo! Eu venci o mundo” (João 16:33).


O sofrimento de Paulo também teve um efeito poderoso como testemunho. Sua disposição de suportar dificuldades, sem se desviar do seu chamado, deu autenticidade à sua mensagem e inspirou outros cristãos a perseverarem na fé. Ao verem Paulo resistir à perseguição, mesmo nas piores circunstâncias, os cristãos eram encorajados a não desistir. Esse exemplo continua relevante até hoje para aqueles que enfrentam dificuldades e até perseguições por sua fé.


A vida de Paulo nos lembra que o sofrimento pode ser uma oportunidade de testemunho para o mundo. Ele não apenas pregava sobre Cristo, mas vivia de acordo com os ensinamentos de Jesus, mesmo quando isso lhe custava muito. Sua vida era uma carta viva, e ele se tornou um exemplo prático de que seguir a Cristo muitas vezes significa enfrentar dificuldades com fé e coragem.


Além disso, o sofrimento de Paulo produziu frutos espirituais e fortaleceu a igreja. Quando ele era preso, outros eram encorajados a pregar o Evangelho. Suas cartas, muitas das quais foram escritas na prisão, tornaram-se parte fundamental das Escrituras e continuam a edificar e inspirar a igreja ao longo dos séculos. O sofrimento de Paulo não foi em vão; ele se tornou uma bênção para gerações de cristãos que vieram depois dele.


Essa perspectiva nos desafia a rever nossa própria atitude em relação ao sofrimento. Em um mundo que valoriza a comodidade e o sucesso, muitas vezes buscamos evitar a dor a todo custo. No entanto, Paulo nos mostra que, em Cristo, o sofrimento pode nos ajudar a encontrar nossa verdadeira identidade e a desenvolver uma fé que é provada e purificada como ouro.


Com Paulo aprendemos que a vida dele pode ser dura, mas com vitórias que poucos tiveram. Ele, com suas cartas,  consolidou, no princípio, a igreja em geral e tem seu nome registrado nas Escrituras e é lembrado sempre. Ele tinha tal unção do Espírito Santo que suportava o sofrimento, os castigos, as zombarias sem se deixar abater, pois sentia a presença do Espírito Santo de Deus guiando-o constantemente (Atos 20:23-24). Ele também era tão cheio do Espírito Santo a ponto de seus lenços quando enviados a pessoas distantes eram curadas e espíritos malignos não resitiam e batiam em retirada (Atos 19:12). Também teve o privilégio de falar diretamente com Jesus, quando da sua conversão em Atos 9.  A verdade é que Paulo nos ensina o que é depender do que cremos e não do que vemos, o que é andar em Espírito: “Se vivemos pelo Espírito, andemos também pelo Espírito.” Gálatas 5:25


A experiência de Paulo nos lembra que o sofrimento pode nos ajudar a ver o que realmente importa e a desapegar das coisas transitórias. Ele aprendeu a valorizar Cristo acima de tudo e a ver as dificuldades como uma oportunidade de testemunho e crescimento espiritual.


A declaração de Jesus em Atos 9:16 também nos lembra que seguir a Cristo exige uma entrega completa. Assim como Paulo teve que abrir mão de seu status, de seu orgulho e de seu conforto, somos chamados a nos render completamente a Deus. Jesus nos ensinou que aqueles que o seguem devem “tomar sua cruz” e estar dispostos a viver por um propósito maior do que eles mesmos.


A vida de Paulo é um testemunho de que essa entrega não é em vão. Ele pôde experimentar uma paz e uma alegria que transcendem as circunstâncias, porque sua esperança estava enraizada em Cristo. Em Romanos 8:18, ele declara: “Considero que os nossos sofrimentos atuais não podem ser comparados com a glória que em nós será revelada.” Essa visão da eternidade o sustentou em meio às dificuldades, e ele foi capaz de encorajar outros a permanecerem firmes na fé.


Para os cristãos de hoje, a vida de Paulo é uma inspiração e um exemplo de como viver uma vida de entrega e dedicação a Deus. Mesmo que nossas provações não sejam as mesmas, o princípio permanece: somos chamados a viver para Cristo, não importam as circunstâncias.


A afirmação de Jesus a Ananias sobre o sofrimento de Paulo nos lembra que o Evangelho exige um compromisso profundo. Paulo não apenas proclamou o Evangelho com palavras, mas viveu-o com sua própria vida, enfrentando perseguições, privações e incompreensões sem se desviar de seu chamado. Ele demonstrou que o sofrimento, quando enfrentado com fé, pode se tornar uma poderoso testemunho de Cristo e uma fonte de edificação para a igreja.


Nosso mundo moderno, muitas vezes avesso ao sofrimento e à entrega, precisa do testemunho de pessoas como Paulo, que encontram em Cristo um propósito maior do que a própria vida. Seu exemplo nos desafia a abraçar o Evangelho com coragem, disposição para enfrentar as dificuldades e a confiar na graça de Deus em todas as circunstâncias. Que entendamos que é preferível o deserto com Deus do que o Éden com a serpente.

Glória a Deus!

Amém!