DEUS NUNCA SE SURPREENDE 


Mas ele foi traspassado pelas nossas transgressões e moído pelas nossas iniquidades; o castigo que nos traz a paz estava sobre ele, e pelas suas pisaduras fomos sarados.             

Isaías 53:5


Nessa pasassagem, que creio que já citei em outro artigo, observamos que esse versículo, e todo o capítulo 53 de Isaías, tem todos os verbos no passado, como se já houvesse acontecido. Isso enfatiza que, para Deus, esses fatos já aconteceram e, por isso,  fica patente a ideia de que Deus nunca é pego de surpresa é a onisciência do Senhor. A Bíblia afirma repetidamente que Deus conhece todas as coisas antes mesmo de elas acontecerem. Essa noção traz consolo para os que confiam em Deus, pois Ele conhece o futuro e guia os eventos para o cumprimento de Seu propósito. Nada fica ao “Deus dará”, como diz um ditado popular. No entanto, há uma questão importante nesse contexto: o que dizer sobre o livre arbítrio humano? Se Deus sabe de antemão o que irá acontecer, isso não significa que somos meros participantes passivos no desenrolar dos acontecimentos? Será que nossa liberdade de escolha realmente existe?


Esse tema está no coração da interação entre a soberania de Deus e a responsabilidade humana. O fato de Deus ser onisciente, ou seja, conhecer plenamente tudo que acontecerá, não anula a liberdade de escolha que Ele concedeu a cada ser humano. Deus, em Sua infinita sabedoria, criou um universo onde tanto Seu conhecimento quanto a nossa capacidade de escolher coexistem de maneira harmoniosa.


Deus Sabe de Todas as Coisas


A onisciência de Deus é afirmada em diversas passagens bíblicas. Por exemplo, em Isaías 46:10, Deus diz: “Eu anuncio o fim desde o princípio, desde os tempos antigos, o que ainda está por vir. Eu digo: O meu propósito permanecerá de pé, e farei tudo o que me agrada”. Isso nos revela que Deus conhece o futuro em sua totalidade, e nada Lhe é oculto. Ele conhece o desfecho de todas as coisas, tanto no âmbito individual quanto no plano geral da história.


Outro exemplo da onisciência de Deus é encontrado no Salmo 139, onde Davi exalta o conhecimento abrangente de Deus: “Senhor, tu me sondas e me conheces. Sabes quando me sento e quando me levanto; de longe percebes os meus pensamentos. Sabes muito bem quando trabalho e quando descanso; todos os meus caminhos são bem conhecidos por Ti”. (Salmo 139:1-3). Esse salmo ressalta que Deus conhece não apenas nossos atos visíveis, mas também os nossos pensamentos e intenções mais íntimos. Nada em nossas vidas escapa ao Seu conhecimento. Ainda assim, esse controle soberano de Deus não se manifesta como uma imposição sobre a vontade humana. Deus permite que façamos escolhas e tomemos decisões que moldam nossa jornada. A Sua participação direta ocorre eventualmente em circunstâncias necessárias.


A Permissão Divina e o Livre Arbítrio


A história de Adão e Eva exemplifica o fato de que Deus não força Suas criaturas a segui-Lo. Mesmo sabendo que o ser humano faria escolhas erradas, Ele optou por não intervir de forma coercitiva, respeitando o livre arbítrio. O orincipal motivo para a intervenção direta de Deus é quando o Senhor quer nos dar a oportunidade de nos desviarmos da perdição eterna. Ele não interfere para evitar que cometamos erros, mas está sempre disponível para nos guiar de volta ao caminho certo quando nos arrependemos e voltamos a Ele.


No caso de Adão e Eva, por exemplo, Deus já sabia que eles cairiam, mas Ele não interveio antes porque não queria mudar o Seu projeto de criaturas autônomas. Contudo o Seu projeto maior que é o aperfeiçoamento da humanidade não foi abandonado. Esse projeto era a vinda de alguém, Seu filho Jesus, para redefinir a falha do primeiro Adão trazendo para Ele, Jesus, aqueles que o aceitassem tornando-os semelhantes a Ele: “Vejam como é grande o amor que o Pai nos concedeu: sermos chamados filhos de Deus, o que de fato somos! Por isso o mundo não nos conhece, porque não o conheceu.Amados, agora somos filhos de Deus, e ainda não se manifestou o que havemos de ser, mas sabemos que, quando ele se manifestar [10], seremos semelhantes a ele, pois o veremos como ele é”1 João 3:1-2. Em outras palavras, passamos de criaturas de Deus a filhos de Deus, quando aceitamos o sacrifício de Jesus.


Esse mesmo processo aconteceu quando o Senhor tirou os israelitas do Egito. Eles começaram a murmurar e rebelar, mas Deus não desistiu do seu projeto de levá-los a terra prometida, e levantou Moisés para guiá-los, ajudá-los e orientá-los. O mesmo acontece conosco quando aceitamos Jesus, o senhor vem morar em nós através do Seu Espírito Santo com intuito de conduzir-nos a terra prometida.


A Reação Humana às Situações da Vida


Apesar de Deus conhecer o futuro e saber todas as coisas que nos acontecerão, Ele observa atentamente como reagimos às situações da vida. Cada escolha que fazemos reflete nossa confiança ou desconfiança nEle. Quando enfrentamos desafios, doenças, perdas ou momentos de crise, nossa reação revela o nível de confiança que temos em Deus e em Seu controle soberano.


Um dos maiores exemplos bíblicos dessa dinâmica é a história de Jó. Deus sabia de antemão que Jó enfrentaria imensa adversidade, e, de fato, permitiu que Satanás o testasse. Mesmo assim, Deus não forçou Jó a reagir de uma determinada maneira. Ele permitiu que Jó expressasse sua dor, suas dúvidas e suas perguntas. No final, Jó escolheu confiar em Deus, mesmo sem entender completamente os motivos de seu sofrimento. Sua fé foi recompensada, e Deus o restaurou abundantemente.


Confiar em Deus: Um Ato de Fé


Confiar em Deus, sabendo que Ele conhece o futuro, é uma escolha de fé. Em Provérbios 3:5-6, somos instruídos: “Confia no Senhor de todo o teu coração e não te estribes no teu próprio entendimento. Reconhece-o em todos os teus caminhos, e ele endireitará as tuas veredas”. Esse versículo destaca a importância de depositarmos nossa confiança em Deus, mesmo quando as circunstâncias parecem fora de controle.


Deus sabe de antemão os desafios que enfrentaremos. Ele não é surpreendido por nossos fracassos, nossos erros ou nossas lutas. Ainda assim, Ele espera que escolhamos confiar nEle, independentemente do que o futuro traga. Nossa confiança em Deus não é uma forma de prever ou controlar os eventos da vida, mas uma maneira de nos colocar em Suas mãos, reconhecendo que Ele sabe o que é melhor para nós.


CONCLUSÃO 

Deus nunca é pego de surpresa. Sua onisciência abrange o passado, o presente e o futuro, e Ele conhece cada detalhe de nossas vidas antes mesmo de eles acontecerem. Ao longo de nossa jornada, Deus observa nossas reações às situações da vida e aguarda pacientemente que escolhamos confiar nEle. Embora Ele saiba o que está por vir, a confiança em Deus é uma escolha que devemos fazer continuamente, confiando que Ele sabe o que é melhor para nós em cada momento. Nós temos o livre arbítreo e temos o Senhor Espírito Santo sempre pronto para nos ajudar. Que possamos, com nossa atitude de fé e oração facilitar a Sua ação em nós.

Amém! Glória a Deus!