EXISTE PECADINHO E PECADÃO?


Costumamos dizer que todo pecado é o mesmo e qualquer pecado do qual não se arrepender pode custar a alma de alguém. Existem pecados mais visíveis que chamam a atenção e podem ser mais repulsivos para nós. Pecados como adultério, fornicação, assassinato e roubo são difíceis de ignorar e fáceis de desaprovar.

O pecado é qualquer pensamento, palavra ou ação que vai contra a vontade e a natureza de Deus. Desde o Antigo Testamento, a ideia de pecado é tratada de maneira ampla, englobando tanto ações externas quanto atitudes internas. Em Provérbios 6:16-19, encontramos uma lista dos “sete pecados que o Senhor detesta”, como olhos altivos, mãos que derramam sangue inocente, coração que trama planos perversos e outros. Estes exemplos refletem pecados que se manifestam tanto no coração quanto nas ações.


Diante disso, surge a questão: Deus realmente diferencia entre pecados menores e maiores, ou, para Ele, todo pecado é igualmente ofensivo?


O primeiro exemplo bíblico de pecado é a desobediência de Adão e Eva no Jardim do Éden (Gênesis 3). À primeira vista, comer o fruto proibido pode parecer um “pecadinho”, mas eles, com suas atitudes de desobedecerem a Deus e acreditarem na serpente cometeram o grave pecado de considerarem Deus mentiroso e falso. Também não demonstraram nenhum arrependimento, que também é um pecado grave, e começaram a acusar uns aos outros e a serpente. Portanto não foi só um pecadinho. Por isso, embora a ação em si pareça insignificante, suas repercussões foram eternas.


Outro exemplo que pode ser considerado é o pecado de Davi com Bate-Seba. Em 2 Samuel 11, vemos que Davi, rei de Israel, comete adultério com Bate-Seba e, posteriormente, ordena a morte do marido dela, Urias, para encobrir o seu pecado. Aqui, vemos, mais uma vez, a escalada de pecados: luxúria, adultério, mentira e assassinato. Aos olhos humanos, este é um “grande pecado”, e suas consequências foram severas. O profeta Natã confronta Davi, e, embora Davi se arrependa e seja perdoado por Deus, ele ainda sofre duras consequências, incluindo a morte de seu filho recém-nascido e turbulência constante em sua família.


Em Atos 5:1-11, encontramos a história de Ananias e Safira, que mentiram ao Espírito Santo ao reter parte do dinheiro da venda de um terreno, enquanto diziam que estavam doando tudo. Aos olhos humanos, a mentira pode parecer um “pecadinho”, mas o pecado dos deles foi agravado porque mentiram ao Espírito Santo, ou seja, mentiram a Deus. Portanto, devido a seriedade dessa transgressão, ambos morrem instantaneament. O mesmo aconteceu  com os filhos do sacerdote Eli, os quais também eram sacerdotes, mas estavam agindo indignamente e, mesmo advertidos pelo pai, não deram atenção à repreensão e acabaram sendo mortos (1º Samuel 2). Essas passagens enfatizam que o pecado contra Deus, mesmo que pareça pequeno, pode ter consequências graves.


Jesus ensina que a intenção do coração é tão importante quanto a ação externa. Em Mateus 5:27-28, Ele diz: “Vocês ouviram o que foi dito: ‘Não adulterarás’. Mas eu lhes digo: qualquer que olhar para uma mulher para desejá-la, já cometeu adultério com ela no coração.” Novamente, vemos Jesus expandindo o entendimento do pecado. O que parece ser apenas um pensamento, na verdade, é considerado pecado.


Esse ensinamento de Jesus aponta para a realidade de que, aos olhos de Deus, não há pecado “leve”. Todos os pecados, seja uma ação visível ou um pensamento oculto, são ofensivos a Deus porque violam sua santidade. Contudo, é importante notar que Jesus também traz esperança e redenção, oferecendo perdão e reconciliação a todos os que se arrependem, independentemente da natureza do pecado.


Embora a Bíblia ensine que todo pecado é sério, ela também mostra que nem todos os pecados têm as mesmas consequências terrenas. O roubo, por exemplo, pode levar a uma pena de prisão, enquanto um pensamento de inveja pode não ter consequências legais imediatas. Contudo, ambos são pecados aos olhos de Deus. O que difere são as repercussões temporais e sociais. Em Lucas 12:47-48, Jesus fala sobre o grau de punição para diferentes tipos de transgressões: “Aquele servo que conhece a vontade de seu senhor e não prepara o que ele deseja, será punido com muitos açoites. Mas aquele que não a conhece e faz coisas que merecem castigo, será punido com poucos açoites.” Esse princípio sugere que o conhecimento e a intenção por trás do pecado podem influenciar o grau de responsabilidade e consequência.


A boa notícia do evangelho é que, independentemente do pecado, Deus oferece perdão por meio de Jesus Cristo. 1 João 1:9 nos assegura: “Se confessarmos os nossos pecados, ele é fiel e justo para perdoar os nossos pecados e nos purificar de toda injustiça.” Não importa se, aos olhos humanos, o pecado parece pequeno ou grande — Deus é capaz de perdoar todos aqueles que se arrependem sinceramente.


No entanto, a Bíblia menciona o “pecado contra o Espírito Santo” (Mateus 12:31-32), que é considerado imperdoável. Este pecado tem sido amplamente debatido, mas geralmente é entendido como uma rejeição final e obstinada à obra do Espírito Santo, ou seja, a recusa contínua de aceitar a oferta de salvação de Deus.


À luz da Bíblia, todo pecado é sério porque é uma violação da santidade de Deus. Embora os seres humanos possam categorizar pecados como “pecadinhos” e “pecadões”, a verdade bíblica é que todos os pecados, independentemente de seu tamanho aparente, têm o potencial de nos separar de Deus. No entanto, a boa nova do evangelho é que o perdão está disponível para todos, através de Jesus Cristo. A Bíblia nos chama a viver em santidade e a tratar o pecado com a seriedade que ele merece, sempre buscando a graça e o perdão de Deus para sermos restaurados em nosso relacionamento com Ele. 

Obrigado Jesus pela marvilhosa graça que permitiu perdão aos arrependidos, mesmo com Seu imenso sacrifício.

Amém!