DESCONTENTAMENTO, INGRATIDÃO 

Lúcifer ocupava um lugar de destaque no reino de Deus, mas, descontente, rebelou-se querendo o lugar de Deus. Ele acabou envolvendo um terço dos anjos no seu plano. Por isso ele e seus seguidores foram expulsos do céu. 

Desde então ele, insatisfeito,  continuou procurando envolver a humanidade nesse seu projeto insano com o intuito de atingir a Deus. No Jardim do Éden, Adão e Eva tinham tudo o que precisavam: uma vida perfeita, em um lugar perfeito, vivendo em comunhão com Deus. No entanto, foram tentados a desejar mais. Satanás iludiu Adão e Eva com suas “fake news”, mentiras, levando-os a cometerem a mesma atitude de grandeza que ele, achando que, se desobedecessem o Senhor, seriam iguais a Deus. Aí cairam e levaram consigo toda sua descendência. Cumpriram a passagem das Escrituras a seguir: “A soberba Precede a ruína, e a altivez do espírito, a queda.” Provérbios 16:18.

Esse exemplo nos mostra que o descontentamento muitas vezes surge quando perdemos de vista o que já temos e nos focamos no que achamos que nos falta. A insatisfação de Eva com o que Deus havia providenciado resultou em desobediência e consequências devastadoras para toda a humanidade. Portanto, o resultado dessa semente do mal, descontetamento, é que, de um modo geral, a humanidade vive insatisfeita e a prova disso é a sede de conquista. O desejo desenfreado de ter, de ter, de ter. É o consumismo louco consumindo o tempo, a saúde, os relacionamentos, atrás do desejo de conquista.

E desde então temos sido uma raça infeliz. Depois do Éden, nunca estivemos totalmente satisfeitos com nada na Terra, e ainda não estamos satisfeitos milhares de anos depois. Sempre queremos algo diferente, seja no trabalho, nos relacionamentos, nas conquistas ou nas expectativas não correspondidas, o sentimento de que “falta algo” nos atinge com frequência. Assim sendo:

* Se somos jovens, queremos ser mais velhos. Se somos velhos, desejamos ser mais jovens.
* Sempre queremos algo novo.
* Se é pequeno, queremos algo maior. Se é grande, queremos algo realmente grande.
* Se temos cem dólares, queremos duzentos. Se temos duzentos, queremos quinhentos.

  • Se temos um apartamento, queremos um condomínio. Se temos um condomínio, queremos uma casa. Se temos uma casa, queremos uma casa maior. Ou uma casa nova. Ou uma casa melhor. Ou talvez queiramos diminuir o tamanho e morar em um apartamento novamente.
    * Se temos um emprego, sonhamos com um emprego melhor, um emprego maior, um emprego mais próximo, com um escritório maior, um chefe melhor, melhores benefícios, mais desafios, maiores oportunidades, pessoas mais legais para trabalhar e mais tempo de férias.
    * Se somos solteiros, sonhamos em ser casados. Se somos casados, … (você pode terminar essa frase sozinho.).

Vi uma frase que diz “a felicidade está no que não temos”, ou seja, o que nos falta é que nos faz felizes. Certa vez fui visitar meus pais que moravam em outra cidade e perguntei a minha mãe, já de idade, como ela estava e ela disse uma frase que me desconcertou: “ Parece que estou aqui a esperar alguém que nunca vem”. Ela teve nove filhos. 

Portanto, esses sentimentos, muitas vezes desencadeados por circunstâncias adversas ou pela percepção de que algo falta, podem impactar nossas emoções, decisões e até nossa fé.

Na vida cotidiana, o descontentamento pode aparecer de várias formas. Muitas vezes, isso ocorre quando olhamos para a vida de outras pessoas e nos comparamos. As redes sociais, por exemplo, aumentaram significativamente essa tendência, onde as pessoas veem apenas o melhor da vida dos outros e se sentem insatisfeitas com suas próprias realidades. Uma pessoa pode ter um bom trabalho, família e saúde, mas ainda assim sentir-se descontente ao ver outra pessoa aparentemente desfrutando de maior sucesso ou felicidade. É aquela velha história de que a grama do vizinho é sempre mais verde, e nos esquecemos, ou não queremos saber da luta que a pessoa passou para alcançar o sucesso. Veja o que Paulo disse: “Nada façais por partidarismo ou vanglória, mas por humildade, considerando cada um os outros superiores a si mesmo.  Filipenses 2:3.

Na vida real, vemos muitos exemplos disso. Pessoas que têm vidas financeiramente prósperas, mas são infelizes e buscam constantemente algo para preencher um vazio interno. A busca desenfreada por dinheiro, status ou bens materiais pode levar à ruína emocional, mental e até mesmo física. Celebridades, por exemplo, muitas vezes parecem ter tudo o que o mundo valoriza, mas frequentemente enfrentam crises internas, depressão e até vícios, tentando preencher o vazio que o descontentamento cria.

O apóstolo Paulo é um exemplo claro de como encontrar contentamento em qualquer situação. Ele escreveu: “Digo isto, não por causa da pobreza, porque aprendi a viver contente em toda e qualquer situação. Tanto sei estar humilhado, como também ser honrado; de tudo e em todas as circunstâncias já tenho experiência, tanto de fartura como de fome; assim de abundância como de escassez. Tudo posso naquele que me fortalece.” Filipenses 4:11-13,

Paulo havia aprendido a confiar plenamente em Deus, independentemente de suas circunstâncias. Seu contentamento não estava baseado em bens materiais ou em situações externas, mas em sua relação com Cristo. Ele sabia que Deus era sua fonte de força e provisão, independentemente de sua situação presente.

Além de Adão e Eva, a Bíblia oferece outros exemplos de descontentamento. O povo de Israel, após ser libertado da escravidão no Egito, é um exemplo clássico de insatisfação recorrente. Apesar de terem sido miraculosamente libertados por Deus e de terem visto inúmeros milagres e serem sustentados  recebendo maná diariamente no deserto, os israelitas constantemente reclamavam. 

Na vida contemporânea, esse tipo de comportamento também é evidente. Frequentemente nos esquecemos das bênçãos diárias e nos concentramos no que sentimos que nos falta. Podemos ter saúde, trabalho e uma família amorosa, mas o foco no que não temos pode criar um espírito de ingratidão e insatisfação.

Portanto, busquemos ser gratos, pois é uma prática poderosa para combater o descontentamento. Em 1 Tessalonicenses 5:18, Paulo nos instrui: “Em tudo dai graças, porque esta é a vontade de Deus em Cristo Jesus para convosco.” A gratidão nos ajuda a mudar o foco do que falta para o que já temos. Quando agradecemos a Deus por Suas bênçãos diárias – por nossa saúde, pelo alimento, por nossas famílias – nosso coração começa a se alinhar com o contentamento.

Além disso, o ato de servir aos outros pode nos ajudar a superar a insatisfação. Quando nos concentramos em ajudar os necessitados, percebemos que nossas próprias queixas e insatisfações muitas vezes são menores do que pensamos. O serviço nos dá uma nova perspectiva e nos aproxima do coração de Deus.

Por fim, é essencial lembrar que nosso verdadeiro lar e tesouro não estão neste mundo. Como cristãos, somos chamados a viver com a eternidade em mente. Jesus disse: “Não ajunteis para vós tesouros na terra, onde a traça e a ferrugem consomem e onde os ladrões minam e roubam; mas ajuntai tesouros no céu” (Mateus 6:19-20). Quando nossos corações estão fixos em Deus e em Seu Reino, o descontentamento com as coisas terrenas diminui.

O descontentamento é um desafio real, mas Deus nos oferece recursos espirituais para superá-lo. Através da confiança, da gratidão e do foco em Sua bondade, podemos aprender a viver uma vida de contentamento e paz. Quando mantemos nossos olhos em Cristo, em vez das circunstâncias ao nosso redor, encontramos a verdadeira satisfação que só Ele pode nos dar. Que nunca nos esqueçamos do sacrifício de Jesus por nós e tenhamos sempre em mente uma eterna gratidão.

Obrigado Jesus!

Amém!