É proibido julgar?


Mateus 7

1Não julgueis, para que não sejais julgados. 2Pois com o critério com que julgardes, sereis julgados; e com a medida que usardes para medir a outros, igualmente medirão a vós. 3Por que reparas tu o cisco no olho de teu irmão, mas não percebes a viga que está no teu próprio olho? 4E como podes dizer a teu irmão: Permite-me remover o cisco do teu olho, quando há uma viga no teu? 5Hipócrita! Tira primeiro a trave do teu olho, e então poderás ver com clareza para tirar o cisco do olho de teu irmão. 


6Não deis o que é sagrado aos cães, nem jogueis aos porcos as vossas pérolas, para que não as pisoteiem e, voltando-se, vos façam em pedaços. 



Quem é você para julgar? Esta expressão é uma maneira de rejeitar qualquer declaração de que uma determinada ação está errada. Até citam o versículo primeiro acima para justificar essa frase. Será que a passagem bíblica inicial está realmente dizendo que não podemos fazer nenhuma afirmação sobre se algo está certo ou errado? Devemos ficar de lado e observar o pecado das pessoas, ou suas ações virtuosas, sem dizer ou pensar em nada? Isso até impediria o perdão real aos outros, pois só podemos perdoar a quem julgamos que nos ofendeu. Quando analisamos o versículo mais de perto, podemos ver que ele não está dizendo nada disso.


1Não julgueis ... “– Está ordem refere-se a julgamentos precipitados, censuradores e injustos. Ela também não condena a nossa “formação de opinião” sobre a conduta de outros, pois é impossível “não” formar uma opinião de conduta que sabemos ser má. Como não ter opinião sobre Hitler, sobre estupradores, sobre pedófilos, etc. Portanto, esse versículo se refere é ao hábito de formar um julgamento às pressas, com severidade, sem tolerância para todas as circunstancias, sem conhecimento total de causa e o hábito de “expressar” essa opinião de maneira áspera e desnecessária, quem sabe até publicamente, enquanto devemos  fazê-lo com amor. 


“…para que não sejais julgados. 2Pois com o critério com que julgardes, sereis julgados;” – isso por Deus e pelo homem. Se  julgarmos com compaixão, buscando colocar-nos no lugar do outro, e estivermos prontos para ter pena e perdoar suas faltas, Deus e o homem lidarão com você da mesma maneira. Mas, se não procuramos ouvir e compreender o sentimento e as fraquezas de nosso irmão, e não mostrarmos misericórdia nas opiniões que formamos  nenhuma misericórdia nos será mostrada também. 


Quer queiramos ou não, vivemos sempre julgando, julgamos se devemos casar ou não com determinada pessoa, se determinado emprego é bom para nós, se devemos frequentar esta ou aquela igreja, julgamos quando votamos, quando nos desviamos do pecado, quando abandonamos nossa antiga religião porque julgamos  que ela não está de acordo com a palavra de Deus, etc. Portanto, se estamos vivos, estamos sempre julgando. A capacidade de julgar entre o bem e o mal equivale ao livre arbítrio que foi dado ao ser humano para dominar a terra.


Quando nos candidatamos à determinado emprego, preenchemos fichas com todas as nossas atividades e preferências para que o empregador possa julgar se deve nos contratar ou se chamará outra pessoa. É pelo julgamento que evitamos as drogas, a bebida, as más companhias, o adultério, enfim o pecado. Portanto, não somos apenas autorizados, mas somos obrigados a condenar todos os pecados. O que os profetas do Antigo Testamento mais faziam era condenar o pecado do povo de Israel.


Veja o que disse Martin Luther King: “O que me preocupa não é o grito dos tolos, mas o silêncio dos bons”. A cultura do mundo tenta nos calar de qualquer maneira com essa questão “do politicamente correto”, pois com o relativismo querem dizer que cada um tem a sua razão. Precisamos nos cuidar muito para que isso não aconteça dentro da igreja, se é que já não está acontecendo, com a dita frase “ quem é você para julgar” ou então esta outra “não toque no ungido do Senhor” que equivale a mais ou menos dizer uma frase do mundo "Você sabe com quem está falando". Isso é uma porteira aberta para que passe todo tipo de pecado e heresias sem serem contestadas. Jesus está proibindo é o julgamento hipócrita, maldoso e  arrogante  que consiste em ver os defeitos alheios sem olhar para as próprias faltas. Tanto assim que no verso cinco inicial, Jesus diz para primeiro tirarmos a trave do nosso olho, para depois podermos tirar o cisco no olho do irmão. Ou seja, podemos julgar, mas sem hipocrisia como diz o referido versículo.


No versículo seis Jesus adverte para não darmos o que é sagrado aos cães e nem atirarmos pérolas aos porcos. Ou seja, é inútil tentar ministrar os Santos ensinamentos àqueles que não querem ouvir, só contradizem, desprezam, zombam do que dizemos, blasfemam e chegam a perseguir os pregadores, conforme as passagens. É aquela pessoa que já encheu o cálice da ira de Deus (At 13.44-51;18.5-6; Tt 3.10-11). No versículo quinze desse mesmo capítulo acima somos advertidos por Jesus contra os falsos profetas, ou seja, os lobos vestidos com pele de cordeiro. Portanto, só podemos ficar atentos a quem é cão, porco ou falso profeta se julgarmos as atitudes das pessoas.


As escrituras repetidas vezes nos exortam a avaliar com cuidado e escolher entre o bem o mal (2ºCo 11.14;  Fp 3.2; 1ºJo 4.). O cristão deve por a prova todas as coisas: “Não tratem com desprezo as profecias, mas ponham à prova todas as coisas e fiquem com o que é bom. Afastem-se de toda forma de mal. 1 Tessalonicenses 5:20-22


Os cuidados do crente

Por isso João então alertou: "Amados, não deis crédito a qualquer espírito: antes, provai os espíritos se procedem de Deus, porque muitos falsos profetas têm saído pelo mundo fora" (1 Jo 4:1). Se não julgarmos continuaremos frequentando uma igreja onde heresias são pregadas como verdades.

Temos o dever de levantar nossas vozes em defesa da nossa fé, para que não venha ocorrer o que acontece com as igrejas em muitas partes do mundo como na Europa por exemplo, que foram fechadas e abandonadas. Um exército, ou um time de futebol, só é forte quando está coeso, quando a disciplina é obedecida. Imagine um militar envolvido em corrupção ou com drogas e não é punido. Ele mancha toda a corporação. O mesmo acontece quando o irmão está em pecado evidente e escandaloso e os líderes não tomam providência. Veja o que Paulo diz para igreja de Corinto onde estava havendo escândalos, a ponto de um deles estar adulterando com a própria madrasta e eles não tomavam nenhuma providência: entreguem esse homem a Satanás, para que o corpo[12] seja destruído, e seu espírito seja salvo no dia do Senhor.   1 Coríntios 5:5.

 Depois, mais adiante, da entender que ele se arrependeu e Paulo manda restituí-lo ao corpo de Cristo. Paulo também advertiu para que não sejamos participantes dos pecados alheios, e isso só é possível se julgarmos: Não se precipite em impor as mãos sobre ninguém e não participe dos pecados dos outros. Conserve-se puro.” 1 Timóteo 5:22 NVI. Paulo também condena os irmãos de Corinto por estarem levando outros irmãos aos tribunais do mundo, diante dos ímpios, sendo que eles mesmos deveriam julgar essas causas: Digo isso para envergonhá-los. Acaso não há entre vocês alguém suficientemente sábio para julgar uma causa entre irmãos?  1 Coríntios 6:5

Veja bem não é o caso de ficarmos de mimimi por qualquer coisinha que acontece na Igreja, como criticar alguém porque está dirigindo o louvor vestido de calça jeans, ou ficar fiscalizando quem deixou de vir à igreja no domingo, olhando tamanho do cabelo das pessoas, ou criticando quem come ou deixa de comer determinado alimento.

De acordo com o escritor do livro de Hebreus, o discernimento entre o bem e o mal é uma das marcas da maturidade espiritual: "Ora, todo aquele que se alimenta de leite é inexperiente na palavra da justiça, porque é criança. Mas o alimento sólido é para os adultos, para aqueles que, pela prática, têm as suas faculdades exercitadas para discernir não somente o bem, mas também o mal" (Hb 5:13, 14). Infelizmente, o cenário espiritual hoje é muito pior do que nos dias da Igreja primitiva, exigindo cuidados constantes do cristão.

Quando estiver pronto para criticar alguém, verifique se você merece a mesma crítica. Julgue-se primeiro, então amorosamente perdoe e ajude o seu próximo. Que nosso alvo seja ajudar os outros a acertar e consertar o que porventura fizeram ou disseram.

Quando era criança e fazia alguma coisa errada, nossa mãe dizia que éramos sem juízo. O próprio Senhor chama a nação de Israel de sem juízo, ou seja, que perdeu a capacidade de discernimento: ““É uma nação sem juízo e sem discernimento.”Deuteronômio 32:28 NVI. Agradeçamos a Deus porque nos deu juízo, ou seja, a capacidade de julgamento entre o bem o mal, como confirma a passagem a seguir dita por Paulo: “Mas ele disse: Não deliro, ó potentíssimo Festo! Antes, digo palavras de verdade e de um são juízo.” Atos 26:25 ARC. É por essa capacidade de julgamento, ou seja livre arbítrio, é que aceitamos Jesus porque julgamos e estamos certos que estávamos no caminho errado e que Jesus é a verdade e a vida.

Amém