Então Deus determinou: “Façamos o ser humano à nossa imagem, de acordo com a nossa semelhança. Dominem eles sobre os peixes do mar, sobre as aves do céu, sobre os grandes animais e todas as feras da terra, e sobre todos os pequenos seres viventes que se movem rente ao chão!

Como vemos nos versículos acima, Deus deu a Adão autonomia para administrar a terra e vamos, a seguir, refletir sobre o que Adão fez com essa liberdade, com esse livre arbítrio que lhe foi dado, e quais as consequências dos seus atos e o reflexo disso em toda a humanidade.

Muitos cristãos pensam, mas talvez não falem, que Deus foi muito rigoroso, talvez até implacável, com o casal e, por consequência, conosco, seus descendentes. Afinal de contas, pensam, foi apenas uma desobediência inocente, desproporcional ao castigo, ou seja, passar a ser mortal, ter dores e sofrimentos sobre a face da terra. 
Quando refletimos sobre esse episódio, vemos que não se trata apenas de “um pecadinho”, mas de uma sequência de decepções que o casal causou a Deus. 
É necessário esclarecer que parece que Adão estava presente durante todo o diálogo de Eva com a serpente, pois quase todas as versões bíblicas dizem que ele estava na companhia dela como diz a versão King James Atualizada: “…tomou do seu fruto, comeu-o e o deu a seu marido, que estava em sua companhia, e ele igualmente comeu.Gn 3.6

Portanto, mesmo que Adão não estivesse presente durante o diálogo de Eva com a serpente, o fato dele comer do fruto proibido torna-o cúmplice também.

QUEM CALA CONSENTE

Vejamos então, a seguir, a passagem do diálogo da serpente com a Eva:

1A serpente era o mais astuto de todos os animais dos campos, que Yahweh Deus havia feito. E aconteceu que ela questionou com a mulher: “Então foi isto mesmo que Deus falou: ‘Vós não podeis comer nenhum dos frutos das árvores do jardim?’ 2Ao que declarou a mulher à serpente: “Nós podemos comer dos frutos das árvores do jardim. 3Mas do fruto da árvore que está no centro do jardim, Deus disse: ‘Dele não comereis, nele não tocareis, para que não morrais!’” 4A serpente então alegou à mulher: “Com toda a certeza não morrereis! 5Ora, Deus sabe que, no dia em que dele comerdes, vossos olhos se abrirão, e vós, como Deus, sereis conhecedores do bem e do mal!”Gen 3

Veja que Eva alega que Deus disse que se comessem do fruto da árvore que está no centro do jardim morreriam, ao que a serpente respondeu que “com toda certeza não morrereis!” E aí está o primeiro pecado cometido, ou seja, a serpente chama Deus de mentiroso e Eva se cala, dando, com isso, a entender que concorda. É como se alguém chamasse nosso pai de sangue de mentiroso e nós ficássemos calados. 

A SOBERBA, QUERER SER IGUAL A DEUS

Em seguida a serpente acena para eles com mais uma de suas mentiras. Ela alega que não morreriam se comessem  do fruto, mas se tornariam iguais a Deus quando comessem.   Com isso, dá a entender que Deus não estava sendo sincero, que era um enganador, e que Ele não queria que comessem do fruto para não se tornarem iguais a Ele, sendo Deus: 5Ora, Deus sabe que, no dia em que dele comerdes, vossos olhos se abrirão, e vós, como Deus, sereis conhecedores do bem e do mal!”

Eles acreditaram nessa mentira porque queriam acreditar, por interesse, pois era só lembrar que foi Deus quem criou todas as coisas, mesmo aquela árvore. 
Mas o fato é que com isso acende-se em Adão e Eva o desejo de cometer o segundo pecado, que é de achar que se comessem do fruto se tornariam iguais a Deus. Satanás iludiu-os para que cometessem o mesmo pecado dele quando foi expulso do céu, ou seja, querer ser igual a Deus. 

A COBIÇA DOS OLHOS, O CONSUMISMO

Dando continuidade no seu projeto maligno, a serpente os ilude com a cobiça dos olhos:
6Quando a mulher observou que a árvore realmente parecia agradável ao paladar, muito atraente aos olhos e, além de tudo, desejável para dela se obter sagacidade, tomou do seu fruto, comeu-o e o deu a seu marido, que estava em sua companhia, e ele igualmente comeu

Vemos aí o terceiro pecado, ou seja o desejo pelo que Deus proibira. É o consumismo desnecessário que acompanha a humanidade até hoje. É o desejo de conquistar o mundo, possuir tudo que o mundo pode oferecer, mesmo que seja proibido pelo Senhor. É querer ser rei, ser Deus do mundo. Eles tinham domínio sobre todo o jardim do éden, mas quiseram possuir a única coisa que Deus proibira. É esse consumismo que, ao invés de ser dominado, domina as pessoas hoje em dia de uma forma irrefreável. Não é à toa que a nossa sociedade é chamada de “sociedade de consumo”. Basta ver a histeria coletiva para compras durante as chamadas “black friday”. Alguém definiu assim, esse irrefreável consumismo, como já escrevi em outro texto:

CONSUMISMO É...
Comprar o que não precisa,
Com o dinheiro que não tem,
Para impressionar pessoas que não conhece,
A fim de tentar ser uma pessoa que não é.

PARODIANDO E ADAPTANDO AO CONTEXTO DO ÉDEN

 Adão E Eva comeram  o que não precisavam,
Sem autorização que não tinham,
Para impressionar pessoa que não conheciam ( a serpente),
A fim de tentar ser a pessoa que não eram (Deus)

Na verdade, o consumismo causou a queda da humanidade e continua consumindo as vidas hoje em dia pela tentativa desenfreada e irresponsável de ter, ter, ter.

CONHECENDO O PECADO

Em seguida vemos que Eva, iludida pela serpente, desejosa de obter o conhecimento do “bem e do mal”, toma do fruto, come-o e, em seguida, dá para Adão também comer. Esse conhecimento do bem e do mal equivale a tomar ciência da existência do pecado. É semelhante ao que acontece com uma criança quando esta deixa de ser inocente. Achavam que com esse conhecimento se tornariam iguais a Deus, mas, pelo contrário, mergulharam no mundo obscuro do mal.

SEM ARREPENDIMENTO

Mas, não para por aí a insanidade do casal e cometem o quinto pecado que é o de atribuir a outros a responsabilidade do seu erro, demonstrando ausência de arrependimento. Atribuindo até mesmo a Deus a culpa dos seus pecados, “foi a mulher que me deste por auxiliadora“: 11Então, Deus o questionou: “E quem te fez saber que estavas nu? Comeste, então, da árvore que te proibi de comer?” 12Replicou o homem: “Foi a mulher que me deste por auxiliadora; ela me deu do fruto da árvore e eu comi.” 13Ao que o SENHOR Deus inquiriu à mulher: “Que é isso que fizeste?” Redarguiu a mulher: “A serpente me enganou e eu comi”.Gen 3

O ZELO DE DEUS NA CRIAÇÃO DO SER HUMANO E O DESATINO DE ADÃO E EVA 

Essa insensatez de Adão e Eva demonstra o menosprezo deles  pelo amor de Deus, pelo carinho de Deus para com eles na criação. 

O Senhor nosso Deus planejou para o ser humano um futuro maravilhoso, como um pai que sonha que seu filho terá um futuro grandioso.

Deus preparou, mesmo antes de criar o homem, todo o cenário na terra para receber o ser humano. Criou tudo que existe. Animais de todas as espécies, matas, cachoeiras, pomares, jardins, enfim tudo que existe para dar conforto e sustento ao homem, quer seja com alimentos vindos dos rios e do mar e bem como aqueles produzidos pela terra. 

Daí então, quando foi criar o homem vemos novamente o cuidado de Deus.  Ele não usou a expressão "haja" como na maiorias das outras criações, mas usou a palavra “façamos o homem”. E o maior arquiteto do Universo caprichou quando criou o ser humano. Não o fez de qualquer maneira. O fez como um retrato dEle. O criou à sua  imagem e semelhança, pois o homem seria Seu representante aqui na terra (Gn.1.26). E, ainda mais, outro aspecto importante na criação do homem, é como Deus deu vida a ele: Então o Senhor Deus for­mou o homem do pó da terra e soprou em suas narinas o fôlego de vida, e o homem se tornou um ser vivente. Gênesis 2:7

Veja bem, para esclarecer o cuidado, o carinho, e a importância que Deus estava dando a sua criação, a Bíblia diz que Deus soprou em suas narinas o fôlego de vida. Isso quer dizer que a vida do homem veio, portanto, de dentro do próprio Deus. No salmo (Sl 17.8) anos". Portanto, Que acontecimento magnífico virmos de dentro de Deus! 

Além do mais, como já disse anteriormente, Deus deu ao homem autoridade sobre toda a sua criação, repetindo, o homem passou a representar Deus aqui na terra: Então disse Deus: “Façamos o homem à nossa imagem, conforme a nossa semelhança. Domine ele[2] sobre os peixes do mar, sobre as aves do céu, sobre os grandes animais de toda a terra[3] e sobre todos os pequenos animais que se movem rente ao chão”. Gênesis 1:26

Portanto, Deus amava e ainda ama tanto o ser humano, que apesar da sua glória e do Seu poder, vinha toda tarde passear com Adão e Eva no jardim, como num diálogo amoroso entre Pai e filhos. Fico imaginando quanto deveria ser maravilhoso esse jardim -(Gen 3.8)- por onde passeavam, com flores encantadoras, beija flores, borboletas e uma brisa suave. Contudo Adão e Eva menosprezaram tudo isso em troca das mentiras de um ser desconhecido, a serpente. Pela ambição de se tornarem Deus. Esse foi o maior pecado de Adão e Eva, ou seja, o de desobedecerem o principal mandamento que é amar a Deus sobre todas as coisas.

O motivo de serem expulsos do paraíso ede passarmos a ser mortais:

Contudo, não é porque Deus deu a Adão o livre arbítrio para gerenciar a terra que o Senhor deixou de ser soberano. A autonomia que foi dada a Adão, não quer dizer que Adão passou a ser soberano. Autonomia não é a soberania, ou seja, Deus continuava apto para intervir soberanamente na terra quando achasse necessário. Aliás, foi o que Ele fez quando Adão caiu.

O próprio Senhor nosso Deus esclarece na Bíblia porque interveio expulsando Adão e Eva do paraíso e porque passaram a ser mortais, e, por extensão, também toda a humanidade passou a ser mortal: ““Então disse o Senhor Deus: “Agora o homem se tornou como um de nós, conhecendo o bem e o mal. Não se deve, pois, permitir que ele tome também do fruto da árvore da vida e o coma, e viva para sempre”. Por isso o Senhor Deus o mandou embora do jardim do Éden para cultivar o solo do qual fora tirado. Depois de expulsar o homem, colocou a leste do jardim do Éden querubins e uma espada flamejante que se movia, guardando o caminho para a árvore da vida.” Gênesis 3:22-24 NVI

Acredito que o projeto de Deus era que Adão e Eva correspondessem Seu amor livremente e não por imposição. Para isso, no exercício do livre arbítrio de que gozavam precisavam  passar na prova de não comer do fruto proibido e aí eles viveriam eternamente, pois poderiam comer do fruto da árvore da vida, que também havia no paraíso, e da qual não era proibido comer. Assim também todos os seus descendentes, ou seja, a humanidade também viveriam eternamente, pois eles foram o protótipo de toda humanidade. 
No entanto, Esse projeto de Deus não foi anulado, mas adiado até a vinda de Jesus. Aliás, só para esclarecer, haverá na nova Jerusalém a árvore da vida. 

Portanto, agora por conhecerem o bem e o mal, ou seja o pecado, deveriam morrer para não ficarem pecando eternamente como está nos versículos acima. Se Deus os perdoasse daquela vez, teria que continuar perdoando os seus pecados futuros por toda a eternidade, pois vimos que eles não se arrependeram, pois transferiram  a culpa para outros. Quem não se arrepende continua pecando. Foi aí que entrou o plano de Deus já traçado antecipadamente de enviar o seu Filho. Jesus para perdoar os pecados dos arrependidos para que possamos viver com Ele eternamente, como planejado inicialmente.
Glória ao Deus Pai, ao Deus filho e ao Espírito Santo!


http://luciobarretopai.blogspot.com/