VÍRUS E ANTIVÍRUS, QUEDA E REDENÇÃO 

Numa comparação com a queda no paraíso, podemos dizer que o que aconteceu é semelhante ao que ocorre com o ser humano ao nascer. Nascemos puros, dependentes totalmente dos  ossos cuidadores, como correu com Adão e Eva. No princípio, Deus criou o homem e a mulher à Sua imagem e semelhança, dotando-os de pureza, comunhão perfeita com Ele e uma natureza livre de pecado. É interessante como as pessoas sempre comentam quando estão diante de um recém-nascido: como parece com o pai, ou com a mãe, ou com algum outro parente. Ou então, quando a pessoa já está adulta, identificam hábitos e reações semelhante a de algum antepassado.

Adão e Eva, os primeiros seres humanos, viviam em harmonia no Jardim do Éden, um lugar onde a vontade divina era refletida em cada aspecto de suas vidas. No entanto, a narrativa bíblica revela um evento trágico que alterou profundamente a condição humana: a queda, descrita em Gênesis 3, quando eles, seduzidos por Satanás, desobedeceram a Deus. Esse ato de desobediência não foi apenas uma transgressão isolada, mas a introdução de um “vírus maligno” que corrompeu a essência da humanidade, transmitindo-se a todas as gerações subsequentes. Foi a introdução de uma "malware espiritual" que corrompeu sua natureza original, projetada para a comunhão com Deus.

Esse é o retrato, como já disse, do que ocorre com o ser humano que ao crescer e tomar conhecimento do mundo, ou seja do bem e do mal, mais uma vez como Adão e Eva, acabam perdendo aquela pureza da infância. E assim como o casal no Paraíso deu ouvidos “ao mundo “, a maioria dos seres humanos  costuma fazer isso também e menospreza os conselhos dos pais. Querem ser mais parecidos com o mundo, com os colegas, com a tribo, do que com os pais. Ou seja, a corrupção ocorrida no Paraíso pela obediência a satanás levou as pessoas a serem parecidas, em suas atitudes, com satanás.

A corrupção introduzida por Satanás não apenas afetou a relação do homem com Deus, mas também transformou a própria natureza humana. O egoísmo substituiu o amor altruísta; a inveja tomou o lugar da gratidão; a mentira substituiu a verdade, etc. Essas características se manifestam em todos os níveis da sociedade. Por exemplo, o desejo de poder levou a guerras e opressões; a cobiça gerou desigualdades econômicas; o orgulho alimentou divisões e conflitos interpessoais. Isso funcionou como um código maligno inserido no sistema espiritual da humanidade e se manifestou logo nos descendentes imediatos de Adão e Eva, como a mentira de Caim e assasinato do irmão Abel  (Gênesis 4:9). Paulo resume: "Todos pecaram e carecem da glória de Deus" (Romanos 3:23). A corrupção é universal, separando os seres humanos de seu Criador e corrompendo relações sociais e pessoais. A Bíblia descreve o coração humano como “enganoso acima de todas as coisas, e desesperadamente corrupto” (Jeremias 17:9), uma evidência da profundidade dessa infecção.

Ao longo da história, a humanidade tentou desenvolver "antídotos" para esse vírus: sistemas filosóficos, leis, códigos morais e religiões. Porém, como um vírus mutante, o pecado adapta-se, transformando até boas intenções em instrumentos de opressão. A Lei Mosaica, embora santa, expôs a incapacidade humana de alcançar a perfeição por esforço próprio (Romanos 8:3). Era necessária uma intervenção externa—um antivírus divino.

A vinda de Jesus Cristo representa o envio do único programa capaz de desinstalar o vírus. Sua morte na cruz funcionou como um resgate sacrificial: "Sem derramamento de sangue, não há remissão" (Hebreus 9:22). Seu sangue purifica o código espiritual humano, oferecendo perdão e restauração (Efésios 1:7). A ressurreição confirmou a eficácia desse antídoto, derrotando a morte, o sintoma final do vírus. 

Para ativar o antivírus, é necessário um processo de "download" consciente: reconhecer a infecção (arrependimento) e aceitar Jesus como Senhor (João 1:12). O batismo simboliza a formatação do sistema—a imersão na água representa a morte para o pecado; o emergir, o renascimento em novidade de vida (Romanos 6:4). Não é um ritual mágico, mas um marco de aliança, onde a fé se concretiza em ação (Atos 2:38). O batismo nas águas determinado por Jesus é o testemunho que a pessoa dá publicamente de que se arrependeu dos seus erros, rejeita o vírus do mal, e quer se reconciliar com Jesus. 

Ao receber Cristo, o usuário ganha acesso ao "suporte técnico" divino: o Espírito Santo. Ele passa a habitar no crente (1 Coríntios 3:16), reescrevendo padrões corruptos. A santificação é um processo de atualização diária, onde o Espírito convence do pecado (João 16:8), oferece poder para resistir a tentações (Gálatas 5:16) e produz frutos como amor, alegria e paz (Gálatas 5:22-23). Não mais escravos do vírus, os redimidos tornam-se "novas criaturas" (2 Coríntios 5:17).  

A corrupção de Adão e Eva marcou a humanidade com um vírus maligno que se manifesta, como já vimos, em egoísmo, inveja, soberba, mentiras e toda forma de pecado. Esse vírus, introduzido por Satanás, separou o homem de Deus e trouxe morte e destruição. No entanto, Deus, em Sua graça, providenciou o antivírus perfeito: o sangue de Jesus Cristo. Por meio da fé em Jesus e do batismo, o ser humano arrependido pode ser reconciliado com Deus, e o Espírito Santo passa a habitar nele, corrigindo a natureza pecaminosa e restaurando a pureza inicial, um novo nascimento. Essa redenção não apenas oferece perdão, mas também a promessa de uma vida transformada e a esperança da eternidade com Deus. Assim, a história da queda encontra sua resolução na cruz, onde o amor de Deus triunfa sobre o pecado, trazendo restauração e vida abundante. "Eis que faço novas todas as coisas" (Apocalipse 21:5). A escolha entre o vírus e o antivírus permanece, individual e urgentemente, diante de todos.

Glória a Jesus pela vitória sobre o mal. Amém!