CANCELADO?!

O cancelamento implica em retirar completamente alguém da comunidade ou da aceitação social, muitas vezes sem espaço para arrependimento genuíno ou mudança de comportamento. Muitas vezes o cancelamento é injusto e manipulado sendo retirado do contexto, usando fragmentos de fatos ou falas, e suas consequências podem ser desastrosas levando a máculas no caráter ou honra, que podem ser uma punição definitiva e irreversível. Essa é uma terrível arma satânica, muito usada na política e principalmente contra os cristãos. Porém, para os cristãos, a abordagem em relação aos que caem em pecado não deveria seguir a mesma trilha, pois a fé cristã ensina não apenas a justiça, mas também a misericórdia e a redenção através do perdão e do amor.


Todo aquele que se converte é instado a mudar de vida. Alguns o fazem imediatamente, outros demoram um pouco mais no parto do novo nascimento. Não podemos, portanto, agir precipitadamente e abortar uma nova vida em Cristo, por apenas um deslize. Contudo, aquele que já é adulto na fé, portanto não é inocente, e insiste em persistir em pecado constante, deverá, sim, arcar com as consequências de seus atos. Portanto, é fundamental, distinguir aquele que caiu em pecado, daquele que é pecador assíduo. O primeiro pode ter tropeçado, já o segundo é um pecador contumaz. 


O que não pode é o cancelador que se diz cristão, que também é pecador, viver com o dedo em riste tentando cancelar irmãos, acusando-os de pecadores. A esses acusadores, Jesus chamou de hipócritas, e confrotou-os quando acusavam a mulher adúltera: “Como insistissem na pergunta, Jesus se levantou e lhes disse: Aquele que dentre vós estiver sem pecado seja o primeiro que lhe atire pedra.”   João 8:7. Isso é o que acontece, às vezes, na igreja e muito nas redes sociais, ou seja, acusar o próximo de atos que eles mesmos praticam. Será que esses acusadores hipócritas se julgariam capazes para atirarem a primeira pedra na mulher adúltera?


Logo, devemos fazer uma distinção entre o pecado e o pecador. Uma coisa é cometer um pecado e se arrepender, outra é permanecer no pecado. Acredito que aquele que condena precipitadamente, —mesmo sem conhecer os fatos, ou seja apenas por ouvir dizer— um irmão que caiu, macula muito mais a igreja do que quem pecou eventualmente. Está faltando perdão, faltando misericórdia e amor. Se acreditamos que estamos frequentando uma igreja cujo pastor é imaculado, estamos completamente enganados. Todos pecaram, como diz a Bíblia. O líder, seja ele qual for, já pecou, tanto assim que precisou da misericordiosa graça de Jesus. Mesmo assim está sujeito a cair, pois o único sem pecado é o nosso supremo pastor Jesus, e nosso pastor local não é Cristo. É falho tentando acertar. 

Nesse mundo, podemos sofrer cancelamento por amigos, parentes, admiradores, autoridades e até, como já disse, por irmãos em Cristo. O mundo é implacável e vive buscando brecha  para acusar os filhos de Deus e, com isso atingir também a igreja. De uma hora para outra a pessoa pode ir da glória ao inferno do cancelamento total. Já, a cultura da igreja de Cristo deve ser, ou pretende ser, o arauto do perdão, arauto da misericórdia. Veja o que Jesus respondeu a Pedro acerca do perdão: “Então, Pedro, aproximando-se, lhe perguntou: Senhor, até quantas vezes meu irmão pecará contra mim, que eu lhe perdoe? Até sete vezes? Respondeu-lhe Jesus: Não te digo que até sete vezes, mas até setenta vezes sete. Mateus 18:21-22

Contudo, o perdão não é um vale night —autorização para pecar impunemente—. Se pecamos e nos arrependemos podemos alcançar o perdão para consequências eternas, mas vamos arcar com consequências aqui na terra. Foi o que aconteceu com o rei Davi como resultado do pecado dele de assassinato e adultério. Ele sofreu graves turbulências por causa disso. 

É evidente que temos um inimigo, satanás, que usa todas as armas possíveis para cancelar o cristão, para nos cancelar até fisicamente. Dentro dessa perspectiva de ataques contra a vida,  aconteceu recentemente (15/04/2024) comigo saindo da igreja, onde fora participar de um culto com meu neto Davi. Ao por o carro em movimento, tentei diminuir a velacidade e percebi que estava sem freio. A rua em frente à igreja —Lagoinha sede BH— é um morro íngreme, a rua no final do quarteirão é muito movimentada, passando, carros, ônibus, motos, pessoas a pé e ainda, a seguir vem uma ribanceira muito alta que termina numa das mais movimentadas avenidas de BH —Av Antônio Carlos. Enfim, a pespectiva era de um desastre de consequências imprevisíveis. Contudo, meu carro Estava em alta velocidade, sem freio, Mas não estava sem Jesus dentro dele. Clamei ao Senhor e ele me orientou, vi uma árvore que estava um pouco fora do roteiro e joguei o carro contra ela. Apesar do carro ter dado perda total, sai lá de dentro dele andando, glória a Deus. Passei por dias de muitas dores na coluna, mas pela misericórdia do Senhor, não houve consequências graves, nem para mim nem para ninguém. Mais uma vez, glória a Deus! Sempre andara nesse carro em ruas planas no meu bairro, quando fui para um lugar Ingreme faltou o freio. Acredito que satanás colocou seu dedo sujo nisso, pois não estava satisfeito de eu ter ido a um culto na quarta-feira à tarde, mas ele perdeu mais uma vez, o Senhor estava atento.

Voltando ao cancelamento, lembremo-nos de que a reconciliação e a restauração são marcas do ministério de Cristo, e os cristãos são chamados a serem embaixadores dessa reconciliação (2 Coríntios 5:18-19). 

O perdão cristão não é simplesmente ignorar ou desculpar o erro, mas envolve uma transformação profunda tanto no ofensor quanto no ofendido.  Paulo nos exorta a sermos compassivos e a perdoar uns aos outros, assim como Deus em Cristo nos perdoou.: “Longe de vós, toda amargura, e cólera, e ira, e gritaria, e blasfêmias, e bem assim toda malícia. Antes, sede uns para com os outros benignos, compassivos, perdoando-vos uns aos outros, como também Deus, em Cristo, vos perdoou”Efésios 4:31-32. Isso implica em reconhecer nossa própria necessidade de perdão e estender a mesma graça aos outros.


Na verdade, porém, esse desejo de destruir os outros é tão antigo quanto a humanidade. Satanás tentou cancelar Jó; Caim... cancelou Abel; os irmãos de José... tentaram cancelá-lo; Jezabel tentou cancelar Elias... e isso continuou por toda a história da Bíblia.

No entanto, ninguém enfrentou a “cultura do cancelamento” mais do que Jesus. Foi a cultura do cancelamento que O colocou na cruz. Uma cultura do cancelamento que odiava Jesus tanto que O matou! E fizeram isso por inveja, que é um dos principais motivos dos cancelamentos nas redes sociais hoje em dia. Contudo, a tentativa de cancelamento de Jesus teve um efeito contrário, serviu, na verdade, para “descancelar” todo aquele que estava condenado, tornando-os salvos e filhos de Deus.Glória a Deus! Amém!