UM ALERTA SOBRE A FALSIDADE, FINGIMENTO

A Bíblia condena inequivocamente a falsidade e o fingimento. Em Provérbios 12:22, lemos: "Os lábios mentirosos são abomináveis ao Senhor, mas os que agem fielmente são o seu deleite." Essa passagem destaca a aversão de Deus à mentira e à falsidade, ressaltando a importância da sinceridade e da integridade. No entanto, apesar desses ensinamentos claros, a  Bíblia está repleta de exemplos de personagens que sucumbiram à tentação da falsidade.

Um dos exemplos mais notáveis é o de Judas Iscariotes, discípulo de Jesus Cristo. Embora tenha sido um dos doze escolhidos pelo próprio Senhor Jesus, Judas traiu seu mestre por trinta moedas de prata, demonstrando uma falsidade que resultou na prisão e crucificação de Jesus. Esse ato de traição é um lembrete sombrio das consequências devastadoras da falsidade e do fingimento.

Além dos relatos bíblicos, a vida cotidiana oferece inúmeros exemplos de falsidade e fingimento. Nas relações interpessoais, por exemplo, muitas vezes as pessoas são tentadas a apresentar uma versão idealizada de si mesmas, escondendo suas fraquezas e falhas por medo de serem rejeitadas ou julgadas. No entanto, essa falsa fachada pode levar a relacionamentos superficiais e insatisfatórios, onde a verdadeira conexão e intimidade são impossíveis de alcançar.

No mundo profissional, a falsidade e o fingimento também são constantes. Muitas vezes, os indivíduos são incentivados a mascarar suas verdadeiras opiniões ou sentimentos em prol de objetivos corporativos ou de carreira. Isso pode criar um ambiente tóxico onde a desconfiança e a competição desleal são comuns, minando a moral e o bem-estar de todos.

A dualidade entre autenticidade e falsidade são aspectos da vida humana que correspondem respectivamente ao bem e ao mal. A humanidade tem sido desafiada pela tentação de ocultar sua verdadeira natureza caida pela queda de Adão,  por trás de véus de falsidade e fingimento. Por isso, dependendo das circunstâncias, somos uma pessoa ou outra. 

Sinceridade é falar a verdade, mesmo que seja com prejuízo próprio. É dar um testemunho honesto. Jesus era sincero com seus  ouvintes. Ele não procurava bajular para ganhar adeptos, diferente do que vemos muitas vezes, e principalmente, no meio político. Quando alguém se aproximou de Jesus e chamou-o de bom, ele retrucou que bom é só Deus: “Quando Jesus ia saindo, um homem correu em sua direção e se pôs de joelhos diante dele e lhe perguntou: “Bom mestre, que farei para herdar a vida eterna?” Respondeu-lhe Jesus: “Por que você me chama bom? Ninguém é bom, a não ser um, que é Deus.” Marcos 10:17-18. E curiosamente, quanto mais sincera é a pessoa mais ela é admirada e respeitada. Não estou falando de grosserias, mas de falar a verdade com amor.

A falsidade, ou fingimento,  é uma das  armas mais usadas por satanás, que é o pai da mentira.  Atualmente, gourmetizaram a mentira com o nome de “fake news” e o tal do relativismo, em que alegam que não existe verdade absoluta, ou seja, cada um tem a sua verdade. Com isso, tudo pode ser contestado. Ou seja, o que o professor, o pastor, os pais, e mesmo a Bíblia falam são sempre contestados. Assim sendo, aparecem as ideias mais absurdas, insanas, como, por exemplo, alguns alegam que o holocausto de Judeus não existiu. É como profetizou G.K. Chesterton “Chegará o dia em que teremos que provar ao mundo que a grama é verde. “. Ao mesmo tempo em que contestam as verdades mais óbvias, querem impor como verdades teorias sem comprovação, como por exemplo, que uma explosão criou o universo. Porque cada um acha que está com a verdade, vivemos, portanto, numa terra sem lei. Vivemos a era da mentira.


O poeta Raimundo Correia Soube retratar muito bem esse aspecto do fingimento das pessoas:

Mal Secreto


Se a cólera que espuma, a dor que mora

N’alma, e destrói cada ilusão que nasce,

Tudo o que punge, tudo o que devora

O coração, no rosto se estampasse;

 

Se se pudesse, o espírito que chora,

Ver através da máscara da face,

Quanta gente, talvez, que inveja agora

Nos causa, então piedade nos causasse!



Quanta gente que ri, talvez, consigo

Guarda um atroz, recôndito inimigo

Como invisível chaga cancerosa!


Quanta gente que ri, talvez existe,

Cuja aventura única consiste

Em parecer aos outros venturosa!


Ele diz poeticamente que se cada dor, cada desilusão, tudo que aflige o coração das pessoas e as leva ao choro, pudesse ser visto através da nossa máscara de alegria, não teríamos tanta inveja de pessoas que aparentam sucesso e, na verdade, sofrem, teríamos é piedade delas. Ele termina dizendo que, para muitas pessoas, a única alegria que têm é parecer aos outros que são felizes.


Por isso, tenhamos sempre no nosso coração que os não salvos, por mais felizes que possam parecer, precisam urgentemente de Jesus para preencher o vazio das suas almas. Jesus chorou ao chegar em Jerusalém porque Ele, que podia ver através da máscara da face, compreendeu que as pessoas, a cidade, não o conheciam, não sabiam que Ele é quem poderia trazer-lhes a paz. Isso é o que acontece com o mundo hoje, e nós, Cristãos, fomos comissionados para abrir os olhos do mundo para “a verdade que liberta”, Jesus.


Com essa negação da realidade, da verdade absoluta, as pessoas estão perdendo o sentido do real. Essa perda da identidade tem um nome psicastenia que é, entre outras coisas, a perda do sentido da realidade e perda gradual da personalidade. Um grande número de pessoas estão vivendo como se o mundo real fosse igual o virtual. Na vida cotidiana, a falsidade e o fingimento muitas vezes se manifestam de maneiras sutis e insidiosas. Por exemplo, nas redes sociais, as pessoas frequentemente apresentam versões idealizadas de suas vidas, exibindo apenas os momentos felizes e bem-sucedidos enquanto escondem as lutas e os fracassos. Essa busca incessante por validação e aceitação pode levar a uma desconexão entre a personagem pública e a verdadeira identidade, resultando em sentimentos de solidão e inadequação.

O cronista Luiz Fernando Veríssimo mostrou,  no texto a seguir, o dilema de perda de personalida. A ausência da autenticidade, da identidade. Ele disse:

NESTA ALTURA DA VIDA JÁ NÃO SEI MAIS QUEM EU SOU…VEJAM SÓ QUE DILEMA!!!


Na ficha da loja sou CLIENTE, no restaurante FREGUÊS, quando alugo uma casa INQUILINO, na condução PASSAGEIRO, nos correios REMETENTE, no supermercado CONSUMIDOR.  


Para a Receita Federal CONTRIBUINTE, se vendo algo importado CONTRABANDISTA. Se revendo algo, sou MUAMBEIRO, se o carnê tá com o prazo vencido INADIMPLENTE, se não pago imposto SONEGADOR. Para votar ELEITOR, mas em comícios MASSA , em viagens TURISTA , na rua caminhando PEDESTRE, se sou atropelado ACIDENTADO, no hospital PACIENTE. Nos jornais viro VÍTIMA, se compro um livro LEITOR, se ouço rádio OUVINTE. Para o Ibope ESPECTADOR, para apresentador de televisão TELESPECTADOR, no campo de futebol TORCEDOR.  


 Se sou corintiano, americano ou atleticano,  SOFREDOR. Se sou são Paulino ou cruzeirense sou CAMPEÃO. Agora, já virei GALERA. (se trabalho na ANATEL sou COLABORADOR ) e, quando morrer... uns dirão... FINADO, outros ....DEFUNTO, para outros ... EXTINTO, para o povão ... PRESUNTO. Em certos círculos espiritualistas serei ...DESENCARNADO, evangélicos dirão que fui ...ARREBATADO. 


E o pior de tudo é que para todo governante sou apenas um IMBECIL !!! E pensar que um dia já fui mais EU. 

Luiz Fernando Veríssimo.


Que o Senhor nos ajude, através do seu Santo Espírito, a darmos testemunhos como verdadeiros filhos de Deus, em todas e quaisquer situações pelas quais passemos. Seja qualquer aparência ou circunstâncias que vivamos, que as pessoas possam ver em nós a imagem de um seguidor de Cristo.

Amém!