Ignore a Rejeição, evite o vitimismo


De um modo geral, vivemos em função do outro. Por isso, fazemos tudo para sermos aceitos pelo grupo, pela tribo. Queremos sempre vestir na moda, cortar o cabelo na moda, falar como a galera, etc. O desejo de ser aceito, de não ser rejeitado,  não tem idade.  Os jovens, porque ainda não têm a sua identidade completamente formada, buscam insistentemente fazer parte do grupo, tentando nunca ser diferentes. Se já está velho, acha que já está ultrapassado. Fora de moda. Com isso, age, às vezes, contra seus próprios princípios para agradar o grupo em que convive. 


Essa atitude, acaba levando muitos cristãos a abandonarem a cultura do Reino de Deus para se adaptarem à cultura do mundo. Enquanto que deveríamos ser luz para que a cultura do mundo fosse transformada e implantada a cultura do céus.


Enfim, todos querem ser populares E quando percebem que essa não é a realidade, que estão sendo rejeitados, caem em depressão, porque entram em crise de identidade.


 A pior rejeição é aquela que parte de nós mesmos. É quando nos sentimos incompetentes ou inferiores. Em outras palavras, quando assumimos a rejeição. Portanto, muitas vezes nos tornamos cúmplices da nossa rejeição.


Esse desejo de agradar, de ser politicamente correto pode levar o cristão a uma encruzilhada que é querer agradar a Deus e ao mundo. Não assumindo completamente a cultura do Reino de Deus, ficando em cima do muro. Ou como se diz popularmente: “é uma Maria vai com as outras”. Nossa atitude não é firme, de convicção, mas depende do momento, ou das circunstâncias. Essa ausência de identidade definida pode causar graves problemas mentais. Existe cientificamente até um nome para esse estado mental: psicastenia que dentre outras definições caracteriza-se por um estado de fraqueza de vontade ( https://dicionario.priberam.org/psicastenia). É um sentimento de imperfeição com inúmeras consequências mentais e físicas.


Lamentavelmente, cada vez mais estamos vivendo uma época em que as pessoas, principalmente os jovens, estão mais propensos a ouvir a voz do mundo, e consequentemente rejeitam a palavra de Deus, pois a maioria deles ainda é imatura, com sua identidade ainda em formação. Isso acontece acentuadamente quando entram para a faculdade e ficam deslumbrados com esse diferente mundo. No desejo de agradar essa nova “tribo” tornam-se facilmente manipuláveis para não serem rejeitados, aceitando uma visão do mundo distorcida da realidade dos ensinamentos bíblicos. Isso, é claro, além de desagradar a Deus, pode trazer consequências imprevisíveis para quem age assim. 


Temos o exemplo na Bíblia do rei Roboão, filho de Salomão, que desejou agradar a galera e rejeitou o Conselho das autoridades de Israel para dar ouvidos a alguns jovens que foram criados com ele. O povo de Israel estava reclamando que os impostos e os trabalhos estavam muito pesados e Roboão consultou as autoridades de Israel que aconselhavam seu pai e eles disseram que desse ouvido ao povo. Contudo, o Rei decidiu dar ouvido aos jovens que disseram a ele para aumentar os impostos e o trabalho do povo.  Roboão aceitou esse conselho e rejeitou o que antigas autoridades disseram. Como consequência, houve uma rebelião dos israelitas e Ele perdeu a maior parte do seu reino e acabou governando somente a tribo de Judá. 


Saul foi outro que acabou caindo no mesmo erro de rejeitar a palavra de Deus para não ser rejeitado pelos homens e se deu mal. Deus disse a ele através do profeta que matasse todos os perversos Amalequitas, inclusive os animais. Contudo, Saul obedeceu pela metade ao que Deus ordenara. Matou os Amalequitas, mas trouxe preso o rei deles, Agague e também o despojo dos animais. Quando questionado pelo profeta Samuel, porque agira dessa maneira, ele disse que teve medo do povo: “Então, disse Saul a Samuel: Pequei, pois transgredi o mandamento do SENHOR e as tuas palavras; porque temi o povo e dei ouvidos à sua voz.  1 Samuel 15:24


O segredo para vencer as setas da rejeição é não aceitar e assumir que é um rejeitado, um coitado. Não incorpore que é um inútil, que é melhor ficar quieto no seu canto, sem voz, enfim, não se vitimize. Pois essa é uma arma poderosa de satanás para nos parar, ou seja, o tal do bullyng.


Assim, hoje, muitos cristãos não brilham como filhos de Deus diante da sociedade com medo da rejeição. Querem passar por "polícia secreta de cristo”. 


Muitas vezes a rejeição vem de onde menos esperamos, ou seja,  de dentro da nossa casa, nossos parentes e até dos irmãos em Cristo. Eles que deveriam nos estimular, acabam criticando ou zombando de nós por causa de nossas pretensões.


Davi passou pela rejeição de familiares mais de uma vez, contudo não vestiu a capa de rejeitado e tornou-se um dos maiores reis de Israel, sempre vitorioso nas inúmeras batalhas que travou.


A primeira rejeição que ele sofreu foi do seu próprio pai. Quando o profeta Samuel foi enviado por Deus a casa de seu pai, para ungir um de seus filhos como rei de Israel, Jesse apresentou todos os filhos, mas Deus os rejeitou. Foi preciso o profeta perguntar se não havia mais nenhum outro filho. Foi aí que seu pai falou de Davi, esquecido no campo cuidando das ovelhas. Só então é que Davi foi chamado e ungido por Samuel como próximo rei de Israel.


Em outra ocasião, três irmãos mais velhos de Davi estavam no exército de Saul que era afrontado todos os dias pelos filisteus através de Golias. Davi foi enviado por seu pai para ver como estavam seus irmãos. Quando estava lá, Davi ouviu o desafio do gigante  Golias e perguntou aos soldados qual era o prêmio para quem o vencesse. Nesse instante, seu irmão mais velho, Eliabe ouviu e ficou muito irritado com Davi e disse que ele era “presunçoso e que seu coração era mau (1º Samuel 17.28)”. Deve ter pensado, quem é este “pivete” para ao menos pensar em enfrentar um guerreiro tão poderoso? Na verdade sabemos o resultado, Davi não se importou com a rejeição do seu irmão e venceu Golias.


A esposa de Davi, Mical, também o desprezou quando o viu entrando na cidade de Davi trazendo a arca do Senhor.  Isso porque ele estava dançando e celebrando perante o Senhor (2º Samuel 6.16). Depois, já em casa, Mical veio criticá-lo, chamando-o de vulgar e ele respondeu: “ Foi perante o Senhor que eu dancei, …perante o Senhor celebrarei e me rebaixarei e me humilharei aos meus próprios olhos.” E Mical, até o dia da sua morte, não teve filhos. (2º Samuel 6.21-22). 


Davi, mais uma vez, rejeitou a rejeição e exaltou o nome do Senhor. Precisamos ter essa mesma ousadia em nossas convicções celebrando o nome do Senhor sempre. Principalmente em público. 


Poderia ficar aqui muito mais tempo falando de destacados personagens bíblicos que não se venderam, nem se curvaram diante da rejeição do mundo, tais como: O chamado José do Egito, Jefté, os profetas, o apóstolo Paulo e todos os outros apóstolos, bem como José e Maria que desafiaram a sociedade da época porque tinham convicção da sua fé.


Ouvi de um grande empresário com inúmeras lojas de eletrodomésticos e móveis que para ter sucesso não devemos ter medo de ser ridículos, ser diferente. Meu pai, um homem de Deus, contou que estava com uma pessoa em determinado lugar e essa pessoa disse para ele: você é uma pessoa diferente, ao que meu pai respondeu que o crente é diferente. Eles estavam em frente a uma loja à entrada da cidade, e aquele homem então disse a ele que identificasse quando passasse um crente na rua. Passaram umas quatro ou cinco pessoas e meu pai disse que não eram crentes, até que veio uma pessoa e o amigo dele perguntou: E esse aí, é crente ou não? E meu pai disse que ele era crente e a pessoa confirmou. O mundo precisa ver a diferença em nós. Precisamos ser firmes em nossas convicções e vestir realmente a camisa de Jesus.


Não tenha medo da rejeição, mas tenha medo sim de não ter uma identidade própria e ficar assumindo a identidade do mundo. Pior que a rejeição é tentar viver sem um propósito definido, vivendo de acordo com a maré.


Jesus foi rejeitado para nossa salvação.  Ele não se importava com a rejeição porque Ele tinha um propósito, o amor aos perdidos,  e não abriu mão dele. O profeta Isaías falou sobre essa rejeição a Jesus: “3 Ele foi desprezado e rejeitado pelos homens, um homem de dores e experimentado nos sofrimentos; e como alguém de quem os homens escondem o rosto, ele era desprezado, e nós não o tínhamos consideração. 4 Certamente ele suportou nossas dores e carregou nossas tristezas; ainda assim, o consideramos abatido, ferido por Deus e aflito”.  Isaías 53.3-4. À rejeição a Jesus foi mais intensa e grave, pois Ele não foi rejeitado em favor de um bandido. Também  não foi rejeitado só por uma pessoa, mas por uma multidão, ou seja rejeitado por uma nação, seus conterrâneos, a quem só fizera o bem. Eles deveriam ser gratos e se orgulharem de terem entre Eles quem fizera milagres nunca vistos. Contudo, Jesus rejeitou a rejeição com o amor,  tanto assim que uma de suas últimas palavras foram:  “Pai perdoai-os pois não sabem o que fazem”. Que possamos fazer o mesmo, perdoar e amar os que nos rejeitam, pois não sabem o que fazem.

Amém!