Natal e ano novo levam-nos à reflexão sobre mais um ano que passou muito rápido. Esse balanço leva, na maioria das vezes, a:

  •  sentimento de melancolia
  • solidão depressão
  • angústia e vazio 
  • enfim, frustração com os objetivos propostos e não realizados


Junte-se a isso o consumismo exagerado, a correria, excesso de comida e busca pelos presentes. Para aumentar o estresse, veem as festas de formatura, festas das empresas e os famosos amigos secretos. Todos esses ingredientes provocam uma explosiva e perigosa mistura emocional. Na realidade, nesse balanço de final de ano, a maioria conclui que perdeu mais do que ganhou. 

A primeira perda –talvez a mais significativa– é dos sonhos não realizados e dos objetivos não alcançados.
A segunda perda é o desgaste emocional, como já vimos, com tantos compromissos e com a obrigação de ser solidário, sociável, sempre sorridente, extravasando uma imensa e contagiante alegria. Enfim, nos sentimos forçados a parecer felizes. Com esse panorama,  acabamos, na realidade, frustrados e tristes. 
A terceira perda é o aumento excessivos de gastos e –na maioria dos casos– o inevitável endividamento, levando a prever dias sombrios no novo ano. 

Mas, a euforia contagiante, acaba ofuscando qualquer previsão nebulosa no horizonte. Contudo, quando as luzes se apagam e o mundo deixa de refletir felicidade, os foguetes já não pipocam despertando nossos sonhos, a comida que sobejava na mesa dos abastados, já não é tão farta, ameaça faltar na mesa dos menos favorecidos por causa dos destemperos econômicos dos festejos. 

Já não se ouve mais os sons de alegria que nos fazem esquecer todas as mazelas deste mundo amaldiçoado pela desobediência de Adão e Eva. Percebemos novamente que o mundo “jaz no maligno”.
Enquanto o ser humano depender de calendário (inclua-se aí mocidade, meia idade, velhice, aniversário, ano novo) para ser feliz, para ter sucesso, nunca o será completamente. Toda a sua vida será uma constante segunda feira e nunca um sábado, que na realidade não é garantia de felicidade. Mesmo porque a marcação do tempo foi inventada pelo homem na tentativa de aprisionar o tempo, e também porque o tempo não é o mesmo para todas as nações por causa do fuso horário. Na Tailândia, por exemplo, o ano novo começa na metade de Abril.

Um jornal perguntou aos leitores o que eles desejavam para o novo ano. As respostas mostraram o que se passa no coração das pessoas e o que é importante para elas: Saúde, menos preocupação, mais tempo disponível, começar coisas novas, mais tempo para se relacionar com o semelhante, bem-estar da família, que acabem as guerras e os conflitos, tirar férias realmente proveitosas; saúde, paz e harmonia na família, preservação do meio ambiente, uma casa de campo, ano novo melhor do que o velho, emprego para os jovens e o fim da criminalidade. Nenhuma das pessoas fez referência ao sentido da vida ou a Deus, o Criador.

 Parece que a maioria não se importa realmente com a salvação e com aquilo que a Bíblia ensina. Os desejos são todos terrenos, voltados para o presente e não levam em consideração a vida futura e a eternidade. As pessoas parecem não perceber como é importante estar reconciliadas com Deus. Todos querem viver bem e esperam que o mundo melhore, mas não levam em consideração o maior mandamento: "Respondeu-lhe Jesus: Amarás o Senhor, teu Deus, de todo o coração, de toda a tua alma e de todo o teu entendimento. Este é o grande e primeiro mandamento. O segundo, semelhante a este, é: Amarás o teu próximo como a ti mesmo" (Mt 22.37-39).

Vejamos como o poeta CARLOS DRUMMOND DE ANDRADE refletiu sobre a passagem de ano:

Receita de ano novo -  CARLOS DRUMMOND DE ANDRADE

Para você ganhar belíssimo Ano Novo 
cor do arco-íris, ou da cor da sua paz, 
Ano Novo sem comparação com todo o tempo já vivido 
(mal vivido talvez ou sem sentido) 
para você ganhar um ano 
não apenas pintado de novo, remendado às carreiras, 

mas novo nas sementinhas do vir-a-ser; 
novo .............

não precisa expedir nem receber mensagens 
(planta recebe mensagens? Passa telegramas?) 

Não precisa 
fazer lista de boas intenções 
para arquivá-las na gaveta. 
Não precisa chorar arrependido 
pelas besteiras consumidas 
nem parvamente acreditar 
que por decreto de esperança 
a partir de janeiro as coisas mudem 
e seja tudo claridade, recompensa, 
justiça entre os homens e as nações, 
liberdade com cheiro e gosto de pão matinal, 
direitos respeitados, começando 
pelo direito augusto de viver. 

Para ganhar um Ano Novo 
que mereça este nome, 
você, meu caro, tem de merecê-lo, 
tem de fazê-lo novo, eu sei que não é fácil, 
mas tente, experimente, consciente. 
É dentro de você que o Ano Novo 
cochila e espera desde sempre.

O poeta reconhece que não adiantam apenas propósitos para se alcançar um ano novo realmente feliz, é necessário, como diz na última estrofe, fazer por merecê-lo e saber que a felicidade habita dentro de nós. Ele, apesar de tradicionalmente ser tido como ateu, sem saber está falando de algo que os Cristãos já têm conhecimento, que é a presença do Espírito de Jesus habitando em nós e nos ajudando a efetivamente construirmos, não só um ano verdadeiramente novo, mas uma vida renovada. 
Portanto não colocamos nossas esperanças somente no tempo presente, mas confiamos na certeza de uma vida eterna e feliz com Cristo: “Se é somente para esta vida que temos esperança em Cristo, dentre todos os homens somos os mais dignos de compaixão.” 1 Coríntios 15:19

Amém!

Pr Lúcio Barreto (pai)    

http://luciobarretopai.blogspot.com.br/